Os parlamentares que participaram de uma audiência fechada sobre o fiasco da seleção francesa na Copa do Mundo se queixaram de que o técnico Raymond Domenech se recusou nesta quarta-feira a aceitar a responsabilidade pela má conduta do plantel e não deu explicações, apenas culpando a imprensa pela crise.
Os legisladores disseram que Domenech, que deixou o cargo, tentou culpar a imprensa durante a audiência. O parlamentar Jean-Francois Cope indicou que o testemunho do treinador "não foi muito digno".
A França, campeã mundial em 1998 e finalista há quatro anos, foi eliminada na primeira fase na África do Sul sem ganhar uma partida. Além disso, os jogadores se recusaram a realizar um treinamento depois que o atacante Nicolas Anelka foi dispensado por insultar Domenech.
Os legisladores disseram que o técnico culpou o diário esportivo L''Equipe, que publicou a informação sobre os insultos do atacante, pela crise. Domenech também afirmou que o jornal explicou mal o incidente. "A única coisa que disse Domenech é ''é a imprensa, é a imprensa''", se queixou o legislador Bernard Debre.
Outros adotaram palavras mais suaves para o presidente da Federação Francesa de Futebol, Jean-Pierre Escalettes, que renunciou ao cargo e também participou da audiência na comissão de cultura e educação da Assembleia Nacional.
O encontro foi realizado apesar de uma advertência da Fifa de que o governo francês não deve interferir em assuntos do futebol. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que a seleção poderia ser suspensa se o presidente Nicolas Sarkozy ou outros líderes políticos interferissem na federação.
Os legisladores contestaram Blatter e disseram que ele não pode falar como fazer seus trabalhos. "A Fifa não pode ameaçar legisladores franceses, estamos em uma democracia e os parlamentares têm o direito de escutar a quem quiser", indicou o legislador Eric Ciotti.
"Isto não se trata só de futebol, se trata da França. Nossa honra está em jogo", completou o legislador Jacques Remiller. Ele indicou que a audiência foi "uma desilusão e nada convincente". "Terá que haver mais renúncias na federação, porque os problemas são muito profundos".