O ex-técnico do Internacional concedeu nesta sexta-feira entrevista coletiva onde falou sobre a sua demissão, que foi confirmada pela diretoria colorada um dia antes. O uruguaio disse que, apesar do bom relacionamento com os dirigentes, encontrou alguns obstáculos à sua metodologia de trabalho. Aguirre pôs a sua demissão na conta da cultura do futebol brasileiro, onde apenas os títulos são determinantes para a manutenção de um treinador.
"Estou tranquilo com minha comissão técnica, com o meu trabalho e com o que acredito ser o melhor. Procuramos adaptar as coisas com a cultura daqui, mas eu não podia chegar e mudar as minhas convicções. Tive acertos e coisas boas. Deixamos muitas coisas positivas para o Internacional, apesar das dificuldades e da resistência em se mudar coisas que vêm de muito tempo. Isso dificultou o trabalho. Há 36 anos que o Inter não é campeão brasileiro e há muito tempo que não vence a Copa do Brasil. Acho que bom que alguma coisa tenha de mudar. Fizemos um bom Campeonato Gaúcho, ganhando a final do Grêmio. É um objetivo pequeno, mas que foi cumprido. Fomos o time brasileiro que mais longe foi na Libertadores, embora isso no Brasil não seja valorizado. Culturalmente no Brasil só se levam em conta os títulos, e lamentavelmente não fomos campeões", afirmou Aguirre.
O uruguaio também deixou claro que não concorda com a justificativa dada pelos dirigentes para a sua demissão, de que ela serviria para "dar um choque" no elenco. "É uma posição que não concordo. O grupo de jogadores queria conquistar a Libertadores, que era o objetivo maior do clube. Talvez por isso tenhamos nos descuidado de algumas coisas no Campeonato Brasileiro. Estávamos na semifinal da Libertadores e focados nisso. A classificação não aconteceu, mas os jogadores seguem focados e podem ir em busca da conquista da Copa do Brasil.Sei que a recuperação no Campeonato Brasileiro é difícil, mas sigo acreditando que o Inter tem muita qualidade e pode ganhar coisas importantes", enfatizou.