A torcida do Corinthians ganhou nesta quinta-feira um inesperado aliado em seus recentes protestos nas arquibancadas do Itaquerão. Nesta tarde, a Federação Paulista de Futebol (FPF) emitiu comunicado oficial em que diz não vetar as manifestações dos torcedores e reprova a ação da Polícia Militar, que tentou coibir as faixas dos corintianos no clássico com o São Paulo, no domingo passado.
"A Federação Paulista de Futebol vem a público esclarecer que não se opõe a nenhum tipo de manifestação pacífica durante os jogos, e que seus regulamentos não vetam a exibição de faixas ou bandeiras de protesto", disse a entidade paulista, antes de repreender a ação da polícia.
"Não há, tampouco, qualquer orientação por parte da FPF a árbitros, delegados de partida, profissionais envolvidos nos campeonatos paulistas, ou mesmo à Polícia Militar, para que oprimam estes movimentos", afirmou a FPF, que criticou diretamente a arbitragem do clássico, a cargo do juiz Luiz Flávio de Oliveira.
Leia mais:
Londrina EC promete ter até 15 reforços para disputar o Campeonato Paranaense
Dez são presos por emboscada a cruzeirenses; presidente da Mancha continua foragido
Por que Palmeiras está atrás na disputa pelo título? Abel explica em livro
Depay brilha, Corinthians vence e fica perto da Pré-Libertadores
Luiz Flávio interrompeu o jogo no início do segundo tempo por cerca de dois minutos para pedir a retirada das faixas - as mensagens não foram removidas das arquibancadas. "No caso do clássico de domingo entre Corinthians e São Paulo, o jogo não deveria ter sido paralisado. A FPF defende, sim, a liberdade de expressão, princípio básico da democracia."
Curiosamente, a própria entidade foi alvo de críticas da torcida corintiana. Uma das faixas exibidas no Itaquerão, no domingo, dizia: "CBF e FPF, vergonha do futebol". Os corintianos também criticaram a TV Globo ("futebol refém da Rede Globo") e a gestão do próprio clube ("cadê as contas do estádio?").
Outras faixas pediam punição contra os acusados de corrupção no caso da merenda no estado de São Paulo. "Quem vai punir o ladrão da merenda?", dizia uma das mensagens exibidas durante o clássico. Era um ataque indireto ao deputado Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo. Um dos alvos da investigação, Capez é conhecido por ser contra as torcidas organizadas.
De acordo com a FPF, as faixas não desrespeitam o Estatuto do Torcedor. "A única regra que versa sobre manifestações em estádios é o Estatuto do Torcedor, legislação federal que veta faixas com mensagens ofensivas. No entanto, na visão da FPF, as faixas expostas nos últimos jogos do Campeonato Paulista não feriram esta lei e, assim como qualquer manifestação pacífica, devem ser respeitadas, sem prejuízo ao andamento da partida.