O jornalista Juca Kfouri terá de pagar R$ 46,5 mil por ofender o responsável pelo departamento médico do Corinthians, Joaquim Grava. O valor foi definido pela Justiça paulista a pedido do médico ortopedista, em ação por danos morais.
Grava afirmou ter sua honra atingida por insinuações de que seria alcóolatra e não tinha condições de assumir a função no clube, feitas por Juca em 2007. Cabe recurso.
A sentença foi dada nesta sexta-feira (11/9) pela 27ª Vara Cível da capital de São Paulo. O juiz Vitor Frederico Kümpel entendeu que o jornalista se excedeu ao "declará-lo publicamente incapaz para o exercício de sua profissão". "Tenho que Juca Kfouri se excedeu porque, para justificar sua opinião quanto à má-contratação feita pelo Corinthians, atacou deliberadamente a vida pessoal e profissional do Dr. Joaquim Grava, sem qualquer prova do eventual histórico de bebedeiras noturnas", afirmou na sentença.
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O caso se baseou em notícia postada no blog do jornalista, no dia 24 de dezembro de 2007. Juca anunciou a recontratação de Grava pelo Corinthians, e não poupou o histórico do médico. Segundo a postagem, Grava "protagonizou cenas constrangedoras em recepções, bares e restaurantes de Santos e precisa ser tratado, coisa que o mundo do futebol está cansado de saber".
O jornalista afirmou que, "numa churrascaria no bairro do Itaim, em São Paulo, descontrolado, Grava provocou um profissional especializado em preparação física e acabou sendo violentamente agredido. Ele não está em condições de cuidar de ninguém, ao contrário, precisa ser cuidado". Para o juiz, as colocações descreveram o médico como "notório drogado ou alcoolista" e que "seria uma má contratação do clube".
Os fatos ocorreram logo depois da queda do time para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, quando a diretoria foi redefinida. Juca criticou a contratação de Grava, que acabou provocando o pedido de demissão do fisiologista Renato Lotufo, antigo desafeto do ortopedista.
Testemunhas confirmaram o comportamento difícil de Joaquim Grava. Segundo o ex-vice-presidente do clube, Antônio Roque Citadini, o médico já havia tido atrito com jogadores. Porém, o fato de o zagueiro Fábio Luciano, um dos que discutiram com Grava, ter sido operado por ele em 2006 mostra que o desentendimento não atrapalhava seu trabalho.
O treinador auxiliar Valdir Joaquim de Morais, também do Corinthians, defendeu o médico em juízo. Ele afirmou nunca ter percebido no profissional qualquer alteração típica de embriaguez. Já outra testemunha, o médico Fábio Luiz, afirmou que já havia recebido um telefonema de Grava em que a voz do ortopedista demonstrava sinais de embriaguez. Kümpel, porém, considerou que, como não houve relatos de pacientes insatisfeitos com o trabalho do ortopedista, seu comportamento fora dos hospitais não atrapalhava o desempenho da função.
Por isso, Juca foi condenado a indenizar Grava em cem salários mínimos, e a publicar a sentença por sete dias seguidos. O portal da internet UOL também terá de dar destaque da sentença em sua home page. O jornalista afirma que vai recorrer assim que a decisão for publicada. "Três cabeças pensam melhor do que uma", disse ao se referir à análise do recurso pelo colegiado do Tribunal de Justiça de São Paulo.
As informações são do site Consultor Jurídico.