Outras modalidades

Confira histórias de esportistas de Londrina que vão te inspirar a sair do sofá

19 fev 2020 às 15:39

Vinny Pazienza é um ex-boxeador profissional que ganhou títulos mundiais. O atleta coleciona 60 lutas, das quais venceu 50 delas - 30 por nocautes - e apenas 10 derrotas. Porém, em 1995, auge de sua carreira, Vinny sofreu uma lesão espinhal em um acidente de carro que o afastou dos ringues. A expectativa dos médicos era de que ele não poderia voltar a andar e muito menos lutar. O lutador precisou usar um dispositivo chamado 'halo' - uma cinta de metal circular parafusado no crânio em quatro pontos e apoiado com quatro hastes de metal - para se recuperar da lesão.


O lutador manteve uma rotina de treinos contra as ordens médicas e 13 meses depois estava de volta aos ringues em duas categorias acima da anterior. A história inspira competidores do esporte até hoje e ensina sobre disciplina, superação e amor ao esporte. Depois de voltar aos ringues, o ex-boxeador concedeu uma entrevista na qual a jornalista perguntou qual a maior mentira que ele ouviu, e respondeu: "Não é tão simples". O lutador quis dizer que se você realmente acredita que as coisas não são simples, e se você realmente acreditar nisso, você nunca sairá do lugar.


O objetivo não é mostrar que é preciso ser um super atleta como ele, muito menos desobedecer recomendações médicas. Mas demonstrar que o esportista, mesmo com tantas dificuldades, provou que tudo podia ser "simples". Para praticar um esporte, seja lá qual ele for, é preciso começar. Para ter uma qualidade de vida e bem-estar físico e mental por meio do esporte basta praticar. Não é preciso ser um grande gênio do esporte, ganhar prêmios e estar entre os melhores. Mas apenas sair do sofá e encontrar uma maneira de se exercitar com um esporte que entre em sintonia com o corpo e mente. Nunca é tarde para começar. É simples, é só começar do jeito que der.


O Dia do Esportista é comemorado em 19 de fevereiro e também é dia de gente que decidiu sair do sofá em busca de qualidade de vida através do esporte. Em comemoração à data, o Bonde trouxe quatro histórias de pessoas comuns que praticam diferentes esportes para melhorar o físico e a mente.



ACADEMIA E CORRIDA


"Às vezes, praticar uma atividade física e ter um espírito esportivo é mais fácil do que a gente imagina", apresenta a jornalista Márcia Neme Buzalaf, 46. Por falta de tempo em sua rotina, a jornalista ficou vários anos sem praticar atividades físicas. Quando mais nova, Márcia pedalava, fazia natação e capoeira, mas o dia a dia na redação e vida acadêmica fez com que ela se afastasse das atividades físicas. Quando mudou-se para Londrina sentiu necessidade de se movimentar novamente. Começou pela yoga e há quase dois anos frequenta a academia. "Eu achava que encaixar um exercício físico na minha rotina era mais difícil do que eu imaginava. Quando comecei a fazer yoga, ia duas vezes na semana. Hoje, consigo fazer atividade física cinco vezes na semana. Às vezes é mais difícil pensar do que executar", relata.


Henrique Rangel Aranda


A jornalista reserva seus finais de semana para a corrida. Há vários pontos em Londrina que permitem a prática desse esporte, como o Zerão, diversos pontos do Lago Igapó e alguns fundos de vale. O Zerão, por exemplo, além de disponibilizar espaço para corridas, há quadras de vôlei, basquete, campo de futebol e pista de ciclismo. "O meu preferido é o Zerão, porque ali tem muita gente dedicada ao esporte", afirma. Uma pesquisa realizada pela Mayo Clinic revelou que pessoas que fazer exercícios físicos têm de 22% a 30% menos risco de desenvolver problemas cognitivos. Márcia fez o esporte virar rotina em sua vida e diz que a academia e as corridas trouxeram benefícios. "Tenho mais disposição e resistência, além de uma força maior. Eu brinco com meu treinador, quando vou viajar, para colocar a mala no bagageiro do avião antes eu sofria. Hoje coloco numa boa", diverte-se.



SKATE


"Existe uma energia que desliza, corre pelas calçadas, sobe paredes, desce escadas, costura a cidade carregando esperança como o sangue que carrega oxigênio. Deslizar. Não é apenas a agradável sensação do atrito entre o corpo e o ar, é perceber o mundo em uma diferente velocidade". Esse é um trecho citado na abertura do Dirty Money, um documentário brasileiro que retrata a cena do skate nas décadas de 1980 e 1990, geração que revolucionou a cultura de rua do Brasil. Segundo uma pesquisa realizada pelo DataFolha, o Brasil soma cerca de 8,5 milhões de skatistas. O esporte é dividido em algumas modalidades.


Eder Reginaldo


O skate entrou na vida de Luiz Henrique Domingues Leite há 10 anos. Praticante da modalidade street, ele começou a fazer depois que viu alguns meninos que andavam de skate em sua rua. "O skate para mim é tudo, depois que eu comecei a andar, minha vida gira em torno disso", declara Luiz. O skatista mudou-se para Londrina há cerca de um ano e geralmente frequenta a pista de skate do Zerão e a AP5 Skate Plaza, que fica na zona norte, bairro em que mora atualmente.


Quem gosta de praticar a modalidade sabe que exige persistência. Na maioria das vezes, é preciso tentar uma manobra diversas vezes para acertá-la. Segundo Leite, para aprender manobras novas, você precisa deixar um pouco o medo de lado. "Ao mesmo tempo que o skate ensina que você precisa ser cuidadoso, ter calma para acertar uma manobra, você também aprende a se jogar na manobra", ensina. A prática desse esporte ajuda em diversos aspectos físicos, como maior resistência, equilíbrio e concentração. "Para mim, o skate não é só um esporte que melhora seu físico, ele é persistência, cultura e, principalmente, amizade. Todo lugar que você vai você faz amizade com outro skatista e comemora quando alguém acerta uma manobra."



GOAL BALL


Você já pensou em assistir um jogo em uma quadra ou estádio e não poder fazer barulho? É assim que acontece no goal ball, quando há torneios desse esporte, a plateia fica totalmente em silêncio para que os atletas possam jogar. Isso acontece porque o goal ball é um esporte praticado por pessoas que possuem deficiência visual. O jogo consiste no uso do tato e audição dos jogadores para marcar gols. O objetivo é arremessar uma bola com as mãos de modo que ela entre na baliza do adversário, ou seja, fazer um gol. A bola é um pouco diferente das tradicionais. Ela é do tamanho de uma bola de basquete e possui um guizo, espécie de "chocalho" dentro da bola para orientar os jogadores.


A modalidade já é ouro nos Jogos Parapan-Americanos, mas apesar do esporte ter conquistado espaço, muitas pessoas com deficiência nem ao menos sabem que podem se tornar atletas profissionais, ou mesmo praticar uma modalidade adaptada para melhorar a qualidade de vida. Além do simples benefício de se exercitar e escolher um esporte, a vida social é estimulada e a autoestima melhora. O goal ball entrou na vida de Guilherme Lucas da Silva, 26, em 2007. A preparação física é feita no Instituto Roberto Miranda, onde conheceu o esporte. Os treinos são realizado na quadra do colégio Castaldi. "Desde que eu comecei a praticar recebo apoio do Instituto Roberto Miranda, toda estrutura ali é colocada à disposição. O Feipe (Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos) dá um apoio financeiro às equipes esportivas, equipamentos, alimentação, viagens", ressalta o atleta.


CBDV


O Instituto Roberto Miranda é uma escola para pessoas com deficiência visual que busca integração social e atende cerca de 150 alunos. Silva participou de diversos campeonatos e, para ele, a prática do goal ball não trouxe somente benefícios físicos, mas também mentais. "Eu aprendi a aguentar mais pressão, pois o esporte contribuiu para minha mentalidade ser mais forte". Márcio Rafael da Silva, 41, é técnico do time de goal ball no qual Guilherme participa. Ele está no Instituto há 13 anos trabalhando com pessoas com deficiência visual.


Ele conheceu o goal ball em 2006 e começou a treinar os alunos e disputar campeonatos brasileiros e regionais. A equipe de Márcio coleciona troféus, já foi campeã sul brasileira quatro vezes, campeã do paranaense e dos jogos abertos do Paraná. "A pessoa tem que ser ativa, tem que se exercitar, tem que buscar sua melhora física, intelectual e cognitiva, para ter um bem-estar. O esporte proporciona tudo isso, além dos aspectos sociais, como conhecer outros lugares, outras pessoas e participar do campeonatos", reforça o técnico.



CICLISMO E MOUNTAIN BIKE


Foram mais de 33 mil quilômetros percorridos pedalando. André Urquiza Scarazzato, 36, sempre gostou de andar de bicicleta durante a infância e adolescência, mas acabou deixando o esporte de lado por alguns anos. Em 2015, André havia recebido uma quantia em dinheiro e decidiu sair do sofá de vez e mudar de vida. O gosto pela bicicleta fez com que ele transformasse um hobby em profissão. Atualmente, o atleta de ciclismo de estrada e mountain bike é proprietário de uma oficina de bicicletas. "O gosto foi tanto que saí do meu antigo trabalho de gerente administrativo e montei uma oficina de bike, a Bike Service e Conveniência", conta.


Reprodução/Instagram/André Urquiza Scara


André se divide para pedalar nas duas modalidades durante cinco vezes por semana. Desde que voltou a praticar, o esportista deixou o sedentarismo de lado, melhorou seu condicionamento físico e perdeu 35 quilos. André já viajou para diversos lugares por seu esporte do coração e teve a experiência de 24 horas ininterruptas de pedal. O atleta pratica o esporte em estradas e rurais e rodovias. "Na minha mentalidade consegui enxergar o verdadeiro prazer de ter um bom condicionamento físico, isso me levou a lugares que nunca imaginei conhecer e fazer amigos que valem mais que irmãos", pontua.

(*Sob supervisão de Fernanda Circhia)


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