A cada 5 minutos, um brasileiro morre por causa de um acidente vascular cerebral (AVC), segundo dados da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com base em informações do Ministério da Saúde. São quase 100 mil mortes por ano no País. Nesta sexta-feira, 29, Dia Mundial de Combate ao AVC, especialistas alertam que a maioria das pessoas desconhece os sintomas da doença e não procura um médico.
Em geral, o AVC, popularmente chamado de derrame, é causado pelo entupimento de uma artéria cerebral por um coágulo, que impede o sangue de chegar a outras áreas do cérebro. "As pessoas esperam se vão melhorar e não procuram o serviço de emergência", afirma a integrante do Departamento de Doenças Cerebrovasculares da ABN, Sheila Martins.
Em 2008, uma pesquisa do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), perguntou a 800 pessoas das cidades de Ribeirão Preto, São Paulo, Salvador e Fortaleza quais os sintomas do AVC. Somente 15,6% dos entrevistados sabiam o significado da sigla. Ainda segundo o estudo, a maioria dos entrevistados confundiu a doença com paralisia, congestão, trombose ou nervosismo.
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Os sintomas do AVC são fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar, enxergar ou entender os outros, tontura repentina e dor de cabeça muito forte sem motivo aparente.
Para o neurologista e coordenador do levantamento, Octávio Marques Pontes, o brasileiro não encara o AVC como uma doença que precisa de atendimento médico imediato, porque acha que não existe tratamento. "A doença está presente na vida das pessoas, mas a maioria vê como 'sem tratamento'", disse.
Pontes informou que, desde 2001, está disponível na rede pública e privada o tratamento trombolítico, que consiste na aplicação de remédios para desobstruir a artéria e restabelecer o fluxo sanguíneo, considerado o método mais eficaz.
A recomendação é de que o paciente inicie o tratamento cinco horas após o aparecimento dos primeiros sintomas. O atendimento rápido aumenta em 30% as chances de sobrevivência, de acordo com o neurologista. Um levantamento da Associção Internacional de AVC constatou que 15% dos pacientes que tiveram um derrame podem morrer ou sofrer um novo acidente no prazo de um ano.
Os especialistas alertam também que é possível prevenir o AVC, desde que sejam adotados cuidados no decorrer da vida - como praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável, evitar fumar e beber, e monitorar as taxas de pressão e colesterol. A doença incide na população com mais de 65 anos, mas pode ocorrer em jovens e até em recém-nascidos.
Além da prevenção, os médicos apontam a necessidade de ampliar a rede com tratamento específico. Atualmente, 62 hospitais públicos e privados oferecem atendimento adequado, contra 35 em 2008, de acordo com a neurologista Sheila Martins. "Temos ainda muito a fazer", diz.
Em um ranking nacional feito por Sheila, o Rio Grande do Sul aparece com a maior taxa de mortalidade por AVC do País: 75 a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar, está o Rio de Janeiro, com 68 mortes por 100 mil, seguido por Piauí, Pernambuco e Paraná. O cálculo é baseado em estatísticas do Ministério da Saúde de 2007.
A Organização Mundial de AVC estima que uma em cada seis pessoas no mundo tenha um acidente vascular cerebral durante a vida.