Sempre que falamos em estresse pensamos em sensações negativas atreladas às mais variadas situações de adversidade, ou seja, ele é naturalmente relacionado a algo que faz mal à saúde. Porém, ao contrário do que muitos acreditam, o conceito criado pelo médico canadense Hans Selye é mais amplo. O estresse, em si, não é negativo ou positivo, adquirindo essa característica de acordo com a forma da pessoa vivenciar uma determinada situação. Por isso, temos o eustresse ("eu" do grego: bom, bonito) e o distresse ("dis" do grego: mal estado, defeito, dificuldade).
Então, o estresse também pode ser usado na perspectiva positiva, é o "estresse bom", necessário à vida e que se manifesta quando acontecem fatos construtivos e percebidos pelo indivíduo como interessantes, como por exemplo, uma promoção no trabalho que pode trazer mais responsabilidades, mas também mais satisfações.
Ou como um atleta que vai participar de uma prova de 100 metros rasos, antes da competição seu organismo se prepara aumentando a atenção, força física e resistência necessária para se alcançar o objetivo no curto prazo. Em outras palavras, temos o 'eustresse' quando a experiência é desejada e nos proporciona uma sensação de bem-estar, causando sentimentos de satisfação e uma sensação de ter domínio do contexto.
Leia mais:
Projeto de Londrina que oferece música como terapia para Alzheimer é selecionado em edital nacional
Unindo religião e ciência, casa católica passa a abrigar consultório psicológico gratuito na zona sul
'Secar' o corpo até o verão é possível, mas exige disciplina e acompanhamento
Ministério da Saúde inclui transtornos ligados ao trabalho na lista de notificação compulsória
No entanto, o que mais conhecemos é o distresse, o "estresse negativo", aquele que provoca desequilíbrios emotivos e físicos, quando a sensação prevalente é a de que não conseguimos ter domínio do contexto e dos fatos.
Isso acontece, por exemplo, nos momentos de uma demissão imprevista ou uma doença. Nos dias de hoje muito do "estresse negativo" é causado pela sensação de frustração que a vida moderna nos "obriga" a experimentar como reação às dificuldades, pressões e desafios que surgem aos seres humanos, em suas esferas pessoal e profissional.
Por isso, a maioria das pessoas vive em constante fase de resistências prolongada ao estresse, mesmo sem fatos de estresse agudo. Nessa contínua condição, o nosso organismo apresenta específicas reações químicas e físicas, como a sensação de "estou em perigo", e, muitas vezes, a pessoa reage em modo desproporcional e exagerado até mesmo a estímulos de estresse de pouca relevância. Nessa presença de estresse duradouro, encontramos profissionais reclamando que estão pilhados ao fim do expediente e nos finais de semanas, com a famosa agitação mental e falta de energia vital. O foco da pessoa permanece na dificuldade, no problema, no impasse e na adversidade.
Busque momentos de prazer
Existem indivíduos que confundem a perda de energia com cansaço e acreditam que um fim de semana de sono poderá resolver tudo. Porém, vale lembrar que dormir nem sempre repõe a energia vital. A melhor solução para reconstituir o ânimo de viver é praticar simples atos que gerem momentos de prazer e participar de atividades lúdicas.
Todos têm condições de realizar ações naturais como andar com os pés no chão, tomar um banho de cachoeira, ou seja, coisas que quebram completamente a rotina e são capazes de proporcionar uma sensação de bem-estar. Valorize a simplicidade e as pequenas coisas da vida.
Fuja do superficial e busque a sua verdadeira essência. Participar de atividades inocentes, e algumas vezes consideradas infantis, nos permite lidar com a vida de forma mais leve, transformando o distresse em eustresse.
Vale lembrar que as formas positivas e negativas de estresse sempre estarão presentes no cotidiano e todos nós temos condições de conduzir as situações para o melhor caminho. Uma das soluções é reverter as possíveis dificuldades através de atividades que proporcionarão momentos de plenitude. Na realidade, os fatos sempre têm relação com os significados pessoais e únicos, a diferença sempre é como vivenciamos as situações da nossa vida.
*Eduardo Shinyashiki é consultor e especialista em Desenvolvimento Humano