Corpo & Mente

Diabetes pode aumentar em 25 vezes o risco de perda definitiva de visão

30 out 2019 às 08:25

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que de 2008 a 2018 o diagnóstico do diabetes cresceu 24% entre brasileiros com 18 anos ou mais. O índice saltou de 6,2% para 7,7%. Entre mulheres o problema é ainda maior: atinge 8,1% da população feminina, contra 7,1% dos homens. O envelhecimento aumenta a prevalência. Dos 45 aos 54 anos é de quase 10%, índice que salta para 23% aos 65 anos ou mais.

De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, a doença pode aumentar em até 25 vezes o risco de perda definitiva da visão. A boa notícia é que 88,7% dos diabéticos no país fazem tratamento medicamentoso para controlar a doença, segundo a pesquisa.


Já a má notícia é que um levantamento realizado por Queiroz Neto mostra que 47% dos brasileiros entre 25 e 65 anos só consultam um oftalmologista quando sentem alguma dificuldade para enxergar. A maioria das doenças oculares não apresenta sintomas logo no início, adverte o especialista. "A hiperglicemia predispõe alterações na retina. Por isso, requer diagnóstico precoce para manter a visão. A falta de acompanhamento oftalmológico regular faz mais da metade dos diabéticos correr o risco de cegar”, pondera.


Retinopatia diabética - O oftalmologista afirma que quanto maior o tempo convivendo com o diabetes, até pessoas com glicemia bem controlada por medicamentos e dieta balanceada correm risco de contrair retinopatia. Por isso, quem tem diagnóstico da doença deve fazer exame oftalmológico anualmente.


Na consulta, o especialista percebe se o diabetes está causando alguma alteração na retina, antes dos primeiros sintomas, pelo exame de fundo de olho. "O tratamento pode ser feito com aplicação de laser, medicamento dentro do olho e em alguns casos pela associação dessas duas terapias. Evita a perda irreparável da visão em 90% dos pacientes”, salienta.


Catarata - O médico explica que os depósitos de glicemia nas paredes do cristalino, lente interna do olho, somados às oscilações glicêmicas, comuns entre diabéticos, aumentam a formação de radicais livres, aquelas moléculas que, em excesso, danificam as células. Por isso, o diabetes dobra o risco de contrair catarata, afirma o especialista.


Apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa de cegueira tratável no mundo, a catarata responde por 49% dos casos de perda da visão entre brasileiros. Geralmente, a doença está associada ao envelhecimento e, quanto mais avança, maior a dificuldade de enxergar, até a completa cegueira. O único tratamento é a cirurgia. A operação substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular transparente e deve ser feita antes da completa opacificação do cristalino, especialmente entre diabéticos. "Se a doença estiver muito avançada, o oftalmologista não consegue enxergar as alterações na retina. Para quem tem diabetes isso pode significar a perda permanente da visão”, alerta.


Olho seco - Queiroz Neto afirma que o diabetes também provoca o maior ressecamento da lágrima, que tem a função de proteger a superfície dos olhos. Os sintomas são: vermelhidão, ardência, visão embaçada, coceira e maior sensibilidade à luz. A síndrome é sã mais frequente nos períodos de seca. O tratamento padrão para olho seco, explica, é o uso de colírio lubrificante.

Entretanto, não vale usar qualquer um porque as fórmulas variam para agir em uma ou mais camadas da lágrima: aquosa, proteica e lipídica. A dica do médico é procurar beber bastante água e incluir na alimentação fontes de ômega 3, nutriente que é encontrado na sardinha, no bacalhau, no salmão e na semente de linhaça, por exemplo. Aplicações de luz pulsada que estimulam a produção da camada lipídica e, por isso, diminuem a evaporação da lágrima são a última palavra para eliminar o desconforto, conclui.


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