Um fim de semana com horas generosas de sono não recupera 15 noites mal dormidas. Seriam necessárias várias noites de repouso completo para compensar o impacto na atenção e nos reflexos. Essas são algumas das conclusões de um estudo divulgado ontem pela revista "Science Translational Medicine" que avalia os efeitos da privação do sono.
As pessoas costumam se sentir dispostas e atentas nas primeiras horas do dia, o que produz a falsa sensação de que o déficit de sono foi compensado. Mas, com o tempo, o cansaço crônico se impõe. De uma hora para outra, o desempenho piora muito. O estudo conseguiu medir o impacto: à noite, a resposta a um estímulo pode ficar até dez vezes mais lenta.
A pesquisa menciona profissões como a de motorista, vigia ou residente médico, cujas atividades requerem atenção contínua, mas há o costume de dormir pouco ou trabalhar à noite. "Essas pessoas precisam entender que menos de seis horas diárias de sono, por mais de duas semanas, causam um impacto muito maior no desempenho do que uma noite passada em claro", afirma Daniel Cohen, principal autor do estudo e pesquisador do Brigham and Women’s Hospital, em Boston.
Leia mais:
Projeto de Londrina que oferece música como terapia para Alzheimer é selecionado em edital nacional
Unindo religião e ciência, casa católica passa a abrigar consultório psicológico gratuito na zona sul
'Secar' o corpo até o verão é possível, mas exige disciplina e acompanhamento
Ministério da Saúde inclui transtornos ligados ao trabalho na lista de notificação compulsória
Pesquisas anteriores já mostraram que dormir seis horas por duas semanas poderia deteriorar o desempenho de modo semelhante ao consumo de álcool acima dos limites permitidos para dirigir. Cohen pretende descobrir agora quantas noites são necessárias para recuperar o déficit de sono. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.