Dados da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab) revelam que uma família composta por um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, residente em uma cidade do Sudeste do país gasta, por mês, somente com a compra de cigarros, R$ 128,60. Por ano, a despesa chega a R$ 1.543,20.
O gasto com cigarro para um casal de fumantes de qualquer região do País chega a R$ 1.495,20 por ano. Todos os valores foram calculados com base em 2008. Naquele ano, o valor do salário mínimo era R$ 415,00, o que levaria esse gasto com cigarro a quase quatro salários mínimos por ano. O valor gasto pelo casal do Sudeste com cigarro seria suficiente para comprar hoje, agosto de 2010, uma TV de LCD de 32 polegadas (R$ 1.469, preço médio), um computador (R$ 1.300) ou uma geladeira duplex (R$ 1.400).
A PETab revelou ainda que o gasto médio mensal com cigarros industrializados de fumantes acima dos 15 anos no Brasil foi de R$ 55,50. Considerando o preço médio do cigarro no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o salário mínimo de setembro de 2008, era possível para um fumante de baixa renda comprar 150 maços ao mês, contra os 83 maços, em 1996, e 112 maços, em janeiro de 2003. Ou seja, com o passar do tempo, ficou mais fácil para pessoas de baixa renda comprarem mais maços de cigarros.
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Brasileiro começa a fumar aos 17 anos
A geração de brasileiros nascida a partir da década de 80, ou seja, que hoje tem até 30 anos, começa a fumar, em média, aos 17 anos. No Nordeste e no Centro-Oeste, a proporção de jovens que começa a fumar antes dos 15 anos é maior do que nas outras regiões. O estudo revela ainda que a proporção de jovens do sexo feminino que começa a fumar antes dos 15 anos de idade é 22% maior do que a dos homens, em todas as regiões do país.
A análise dos dados da PETab, que o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulga para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 agosto, foi realizada como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD 2008), do IBGE, e tem por objetivo fornecer informações para subsidiar a política nacional de controle do tabaco.
Os jovens são a parcela da população que menos procurou algum tipo de ajuda para deixar de fumar, apesar de 48% das pessoas dessa faixa etária terem relatado pelo menos uma tentativa de parar de fumar nos últimos 12 meses.
Chama a atenção o fato de, entre os jovens, os homens fumarem 2,5 vezes mais do que as mulheres. Entre as outras faixas etárias da população essa proporção é menor. Uma das explicações para isso é o fato de que as mulheres param de fumar numa proporção duas vezes maior do que a dos homens.
A PETab foi feita em 51.011 domicílios, entrevistando fumantes, não fumantes e ex-fumantes. O trabalho, que é a mais completa pesquisa feita sobre tabagismo no Brasil, foi realizado em outros 13 países. Internacionalmente, a pesquisa é conhecida como Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global de Tabagismo).
Uma das informações mais relevantes da pesquisa, em relação à juventude, é a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos - 48,6% dos jovens relataram ter percebido propaganda pró-tabaco ante 38,7% dos adultos. Esse resultado pode indicar que existe um esforço da indústria para atingir os indivíduos com 24 anos de idade ou menos nas ações de promoção e propaganda de produtos do tabaco. Isso fortalece a necessidade de criar estratégias de informação sobre controle do tabaco junto aos jovens por meio de formatos e conteúdos diversificados.
Jovens e dependência
A pesquisa revelou que o nível de dependência severa de nicotina dos jovens foi 50% menor do que a dos adultos. Isso mostra a importância do estímulo à cessação entre essa população, e principalmente da prevenção, para evitar que comecem a fumar.
O nível de dependência foi medido na PETab por meio de duas perguntas: o número de cigarros fumados por dia e o tempo que a pessoa leva para acender o primeiro cigarro após acordar. O cruzamento dessas respostas determina o nível de dependência, que pode ser baixa, elevada ou moderada.
De modo geral, os dados demonstram a necessidade de explorar melhor as ações de controle do tabagismo entre a população de 15 a 24 anos. Exemplo: os jovens percebem menos a propaganda antitabaco veiculada por meio do rádio. É preciso reforçar as mensagens sobre prevenção e cessação tanto em programas de rádio e TV voltados ao público jovem.