Em 24 de janeiro comemora-se o Dia Nacional do Aposentado, e é mais do que justo a sua comemoração porque, hoje em dia, mais do que nunca, após a aposentadoria, o idoso percebe que ainda há muita vida, que é hora de viajar, de relaxar e aproveitar as conquistas dos anos anteriores e de compartilhar com as novas gerações a experiência e a memória dos anos vividos.
Para não "estragar" essa data especial, a Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista e otoneurologista de Curitiba, lembra que, segundo censo realizado pelo IBGE em 2010, cerca de 9,7 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência auditiva, o que equivale a 5,1% da população do Brasil – e, que, quanto mais a idade chega, mais a estrutura do ouvido se desgasta, o que pode se tornar um problema para os idosos – por isso, para evitar maiores constrangimentos tanto para o idoso quanto para a família e poder aproveitar a melhor idade da maneira certa, o ideal é procurar um médico especialista assim que surgirem os primeiros sintomas de perda de audição.
A especialista comenta que a perda auditiva acontece gradualmente como um somatório de vários fatores externos, desde a exposição a ruídos, má alimentação, estresse, uso de medicamentos e até fatores metabólicos ou hereditários. "Essa perda progressiva da audição, conhecida como presbiacusia, acontece em função da idade, pelo desgaste fisiológico das células auditivas. A presbiacusia é mais percebida em pessoas acima de 60 anos, porém, dependendo de fatores genéticos e ambientais, como exposição prévia a ruídos, ela pode se manifestar antes dos 50 anos", comenta Rita.
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Muitos sinais da perda de audição são mais perceptíveis para as pessoas que convivem com os idosos do que para eles mesmos, já que se trata de uma doença gradual. "Alguns dos principais sintomas são a dificuldade em ouvir sons agudos, dificuldade de entender a conversa – troca de letras ou palavras, - aumentar o volume da televisão, pedir para repetir, procurar ficar mais próximo da fonte sonora, o surgimento do zumbido, por exemplo, são alguns dos sintomas mais comuns – e quem convive com o idoso deve ficar atento a esses detalhes", explica.
A especialista comenta que algumas pessoas têm dificuldade em reconhecer que necessitam de uma ajuda médica especializada para tratar dessas questões. "Muitas vezes o indivíduo se adapta a perda auditiva e só procura ajuda médica depois de muita pressão feita pela família e amigos", comenta Rita.
Porém, o idoso precisa compreender que, com uma boa audição, além de ele poder ouvir, entender e trocar informações com maior qualidade e menos esforço, esse sentido serve também como sinal de alerta contra situações de perigo e para ajudar na localização dos sons.
A perda auditiva na terceira idade é um fator de limitação do indivíduo, que pode contribuir com o desenvolvimento de alguns distúrbios psiquiátricos. "A questão da audição está relacionada com alterações da memória e pode produzir um grande impacto negativo na vida do idoso, conduzindo-o à diminuição nas relações sociais, emocionais e até ao isolamento", explica.
Por favorecer o isolamento dos portadores da deficiência, devido à dificuldade de comunicação com o meio social em que vive, o idoso pode adquirir um sentimento de constrangimento devido a esse problema, o que pode propiciar o surgimento de um quadro depressivo. "Os familiares do deficiente muitas vezes não têm tolerância para lidar com a falta de audição, e, normalmente, não mantêm diálogos normais com o idoso, passando somente a informar os assuntos essenciais, o que faz com que ele se sinta mal" exalta.
Então, para tratar desse mal e fazer com que o idoso passe pela melhor idade da melhor forma possível, é preciso realizar, antes de tudo, uma visita a um médico especialista, que, após os testes auditivos, dependendo de cada caso, indica a utilização de aparelhos de amplificação sonora, além do desenvolvimento de estratégias comunicativas, treinamento auditivo e orientação familiar. "Praticamente todos os casos têm cura ou, pelo menos, apresentam uma melhora significativa", conclui Rita. Depois é só aproveitar o 24 de janeiro para homenagear a todos que se permitem sair para pescar, caminhar, visitar amigos e parentes, viajar, ou mesmo ficar sentados em uma cadeira de balanço observando o mundo ao redor.