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Melanoma

Médicos alertam para vício em bronzeamento

BBC Brasil
13 jun 2012 às 14:30

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Aos 13 anos, a americana Cynthia Bailey não perdia uma oportunidade de se bronzear. Pelo menos uma vez por semana, assim que o inverno terminava, vestia um biquíni e ia para o sol, mesmo que o clima no norte da Califórnia, onde morava, ainda estivesse um tanto frio.

Com olhos e cabelos claros, Cynthia passava grande parte do ano com a pele vermelha e descascando. Ela tinha cerca de 15 anos quando um pequeno nódulo em sua perna chamou a atenção de um médico.

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A mancha marrom-avermelhada foi logo identificada como um melanoma, tipo agressivo de câncer de pele que pode levar à morte caso não seja tratado a tempo. O médico chegou a recomendar a amputação de parte de sua perna para evitar que a doença se espalhasse.

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"Eu estava provavelmente viciada em bronzeamento", lembra Cynthia, que hoje é dermatologista e dirige uma clínica na cidade de Sebastopol, na Califórnia.
Novos exames, no entanto, mostraram que a mancha era inofensiva e afastaram o diagnóstico de câncer. Apesar do susto, Cynthia voltou a tomar sol, em sessões cada vez mais intensas. Ela conta que só conseguiu deixar de se bronzear em excesso após se deparar com diversos pacientes com câncer de pele na Faculdade de Medicina.

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Assim como Cynthia, homens e mulheres de várias idades se expõem em excesso e sem proteção a raios de sol e câmaras de bronzeamento artificial, embora estes hábitos sejam, segundo especialistas, os principais causadores do câncer de pele, doença que atinge anualmente cerca de 2 milhões de pessoas só nos Estados Unidos.


Para alguns médicos, há algo além da simples vaidade por trás desse hábito. Segundo pesquisas, o bronzeamento pode viciar, assim como substâncias como álcool, tabaco e outras drogas.

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O vício em bronzeamento é chamado muitas vezes de tanorexia, termo usado cada vez com mais frequência pela imprensa quando o assunto é bronzeamento excessivo - como no caso da americana acusada de ter causado uma queimadura na filha de cinco anos depois de levar a criança para fazer bronzeamento artificial.


Vício:

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"O vício em bronzeamento é provavelmente muito parecido com o vício em drogas e outras substâncias", disse o dermatologista Steven R. Feldman, professor do Wake Forest University Baptist Medical Center, em entrevista à BBC Brasil.


Segundo ele, os sinais de que uma pessoa pode estar ficando viciada em bronzeamento são similares aos que ocorrem com outras substâncias, como a necessidade de "doses maiores", perda de controle, sintomas de abstinência e a utilização de muito tempo e recursos para a manutenção do vício.

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A semelhança entre o vício em bronzeamento e o vício em drogas também foi apontada em outras pesquisas.


Utilizando um questionário padrão para detectar dependências, a dermatologista Robin Hornung, da The Everett Clinic, no Estado americano de Washington, observou comportamentos similares em pessoas viciadas em bronzeamento e dependentes de álcool, tabaco e outras drogas.

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"Em nosso estudo e em outros nós também observamos que estes comportamentos dependentes muitas vezes 'caminham juntos' em indivíduos, no que descrevemos como tipo de personalidade dependente", disse Hornung à BBC Brasil.


Para Hornung, campanhas de saúde pública deveriam alertar para o fato de que bronzeamento, além de aumentar os risco de câncer de pele, também pode viciar.

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"Abordagens de saúde pública são sempre uma boa ideia contra epidemias, como a de câncer de pele. Talvez seja interessante que sejam iniciadas campanhas que discutam não apenas os perigos do excesso da radiação UV, mas também o potencial de dependência."


Assim como acontece com o cigarro, os dermatologistas consultados pela BBC Brasil concordam que não existem níveis saudáveis de bronzeamento, já que os riscos de se desenvolver doenças como o câncer são aumentados pela exposição aos raios UV.

"Bronzeamento é induzido por danos no DNA da pele, então não é possível dizer que seja saudável. É possível ser saudável e ativo e obter a vitamina D do sol, mas não é preciso ficar bronzeado para conseguir estes benefícios", diz Hornung.


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