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Tratamento

Meu namorado é bipolar e agora?

Redação Bonde
13 jun 2011 às 17:28

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- Reprodução
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"Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça, me bota na boca um gosto amargo de fel. Depois vem chorando desculpas, assim meio pedindo, querendo ganhar um bocado de mel (...) E eu vou perguntando: até quando?". O trecho pertence à canção "Grito de Alerta", na voz de Maria Bethânia, e é muitas vezes considerada a trilha sonora de casais em crise. Mas, analisando mais a fundo, é possível sentir na pele a angústia de uma mulher que ama um homem cujo comportamento muda de uma hora para outra. Como se fosse tomado pela bipolaridade.

"É comum algumas pessoas acharem que o transtorno afetivo bipolar (TAB) é mais comum em mulheres", relata Amaury Cantilino, psiquiatra e pesquisador do Programa de Saúde Mental da Mulher da Universidade Federal de Pernambuco. Mas os homens também podem ter a doença. "O problema é que, geralmente, o homem não procura se consultar com um médico tanto quanto a mulher, então, muitos possuem problemas sérios e nem desconfiam que possam ter transtorno bipolar. Uma coisa é certa: sem o tratamento adequado, a felicidade do casal fica comprometida", alerta o médico.

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Mas como saber se o parceiro é bipolar? "Primeiro, é preciso identificar os sintomas da enfermidade no comportamento dele", orienta Amaury. A forma clássica do TAB atinge cerca de 1,5% da população mundial e se divide em dois tipos: o tipo I, que apresenta toda a amplitude de variação do humor, da mania plena à depressão grave, e atinge igualmente a homens e mulheres; e o tipo II, que é o mais prevalente na população geral, é mais frequente em mulheres e apresenta a depressão como a fase mais predominante.

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Segundo o psiquiatra, nos homens, os sintomas da mania são mais exuberantes e isso torna a identificação da doença mais fácil. Esta fase é marcada por vários tipos de excessos que podem atrapalhar o relacionamento. "O parceiro pode começar a gastar demais, por exemplo. Também poderá ficar irritado por motivos banais e até agressivo quando contrariado. Outra característica é a desinibição sexual, que pode ser tão intensa, fazendo com que o bipolar corra o risco de trair a namorada ou esposa com outras mulheres", informa.

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O quadro depressivo também pode fazer parte do cotidiano dos homens bipolares e afetar o namoro. "Na depressão, a libido do homem cai, há perda de interesse para diversas atividades, ele não sente mais prazer em estar com a parceira. Ou pode ocorrer o oposto, onde o namorado fica excessivamente inseguro e dependente da parceira. Talvez a fase depressiva do TAB seja motivo maior para separação, pois nem todas as mulheres conseguem suportar essas situações. É preciso saber que esses altos e baixos da doença não possuem cura, mas há tratamento. E incentivar o parceiro a procurar um médico é fundamental", diz Amaury.


Os episódios do transtorno afetivo bipolar podem ser menos frequentes e menos graves quando o paciente adere aos tratamentos medicamentosos. Atualmente, existem no mercado opções capazes de reduzir os efeitos colaterais normalmente causados por este tipo de medicamento. Incluem-se entre elas o Geodon (cloridrato de ziprasidona), que teve uma nova indicação para o controle da mania bipolar aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil. Indicado também para controle da fase aguda, prevenção de recorrência em pacientes bipolares e para portadores de esquizofrenia, o produto tem a vantagem de não apresentar alguns dos efeitos adversos associados aos demais antipsicóticos atípicos, como ganho de peso excessivo e indução à síndrome metabólica (aumento do colesterol, triglicérides e da glicemia).

"Apesar de todos os dissabores, manter o relacionamento é possível", avalia Amaury. O transtorno bipolar não precisa ser motivo para separação. As pessoas que convivem com um bipolar precisam conhecer a doença e seus sintomas para que saibam identificá-los no momento em que aparecem. "Tanto a namorada, quanto a família do paciente, devem se tornar parceiras no tratamento, no sentido de ajudar o especialista com informações e comportamentos que nem sempre o paciente consegue identificar em si mesmo", informa (com CDN Comunicação Corporativa).


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