Os visitantes da Festa do Peão de Barretos (SP) já podem aproveitar para se cadastrar no banco nacional de doadores de medula óssea. Este ano, o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) escolheram o local, de intensa circulação de pessoas, para uma ampla ação de incentivo ao cadastramento de doadores desse tipo de célula, cujo transplante é indicado para o tratamento de câncer, principalmente leucemia (câncer no sangue).
A largada para esse esforço foi dada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, nesta quinta-feira (19). A expectativa é que a ação resulte no aumento do número de doadores de medula óssea no país. "Em 2000, a probabilidade de se achar doadores compatíveis no nosso cadastro era de 10%. Hoje, já é acima de 65%. Por quê? Porque em 2003, tínhamos apenas 40 mil doadores registrados. Hoje já são mais de 1,7 milhão de cadastrados", ressaltou o ministro. "Só Estados Unidos e Alemanha têm cadastros maiores que o do Brasil".
Conquistas como essas são resultado da solidariedade dos brasileiros e de um conjunto de medidas desenvolvidas ao longo dos últimos anos, como a realização de campanhas, o aumento dos investimentos no setor e a qualificação de profissionais. De 2003 a 2009, a quantidade total de transplantes realizados no país aumentou quase 60% – passou de 12,7 mil para 20,2 mil/ano.
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Só de medula óssea – que representa 7,5% do total de transplantes realizados no país – o número de procedimentos cresceu 57,5%, saltando de 972 (2003) para 1.531 (2009). Essa quantidade considera as três modalidades de transplantes de órgãos: autólogo (com material retirado do próprio paciente), aparentado (com doadores da família) e não-aparentado (doadores voluntários do Redome).
Para alcançar resultados como esses, o Ministério da Saúde aumentou em mais de três vezes os recursos aplicados na área dos transplantes, que passaram de R$ 327,8 milhões, em 2003, para quase R$ 1 bilhão (R$ 990,5 milhões) no ano passado.
"Avançamos muito, mas temos de avançar mais. A população brasileira é um mistura de europeus, africanos e índios, tem um perfil genético muito específico. Então, precisamos ter um cadastro representativo de todos os brasileiros", observou o ministro. "Sabemos que em Barretos vão estar circulando nos próximos onze dias 700 mil pessoas de todo o país. É uma oportunidade maravilhosa de atrair principalmente os mais jovens para se tornarem doadores voluntários".
AVANÇOS COM O REDOME – Desde 2000, quando foi criado o banco nacional de nacional de doadores – o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula (Redome), sob a responsabilidade direta do Inca – o Sistema Único de Saúde (SUS) investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplantes desse tipo de célula.
A iniciativa produziu impacto direto no total de transplantes de não-aparentados, feitos com doadores voluntários registrados no Redome. Os procedimentos com este perfil de pacientes (que não conseguem doador na família) aumentou 274% em seis anos – passando de 35 procedimentos, em 2003, para 131, em 2009.
Esse número é 140 vezes maior que o total de registros em 2000, por exemplo, quando havia 12 mil voluntários inscritos. O salto se deve, em grande parte, às campanhas publicitárias e ações de sensibilização realizadas pelo Ministério da Saúde e o Inca.