Os hábitos modernos estão baixando a qualidade de vida do brasileiro, fazendo com que ele se apoie precocemente no sistema de seguridade social. A conclusão faz parte do estudo Qualidade de Vida: Suas Determinantes e sua Influencia sobre a Seguridade Social, divulgado nesta quarta (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou os hábitos da vida moderna, suas precárias condições de trabalho, e como esses determinantes influenciam na seguridade social, como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez.
Segundo o estudo, o Brasil precisa buscar alternativas tanto de sistema previdenciário como de hábitos cotidianos que permitam uma melhor qualidade de vida do cidadão e um menor gasto da seguridade social, principalmente da Previdência.
Ao desagregar as causas de mortes e comparar os dados brasileiros com os demais países selecionados, o Ipea observou que os neoplasmas, que abrangem todos os tipos de câncer, e as doenças do sistema cardiovascular e circulatório (angiologia e cardiologia) são os responsáveis por maior parte das mortes nesses países, em 2003, encabeçado pelas doenças crônicas cardiovasculares.
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As doenças crônicas como um todo – principalmente as cardiovasculares – foram as grandes responsáveis pelas mortes no início do século XXI, no Brasil e nos demais países do continente americano e na Europa, também abordados no estudo a título de comparação.
Segundo projeção apresentada no estudo do Ipea, há uma expectativa de que ocorram elevações preocupantes dessas doenças em países como Brasil e México, apesar de, nas próximas décadas, haver expectativa de queda em alguns países europeus e na Argentina.
As projeções para 2030 apresentam um quadro diverso. A Espanha tem uma projeção de queda de 0,58%, e o Chile, com projeção de aumento de 0,90%. Para o Ipea, esse cenário é considerado "relativamente constante". Portugal apresenta expectativa de queda, enquanto Brasil apresenta uma projeção de aumento de mortes causadas por doenças crônicas, passando dos atuais 72,1% para 75,8%.
Por outro lado, ao focalizar a análise no Brasil no período entre 1979 e 2004, o Ipea verificou queda forte (57,12%) na incidência de doenças transmissíveis e aumento na incidência de câncer (66,67%) e doenças do sistema nervoso (40,01%).
Segundo o Ipea, "a queda na incidência de doenças transmissíveis tende a estar correlacionada ao aumento de saneamento básico, elevadas taxas de vacinação encabeçadas por políticas públicas". Já as doenças do sistema subcutâneo e conjuntivo, do sistema nervoso, do sistema digestivo e as ligadas ao sistema endócrino-metabólico aumentaram pelo menos 40,01% ao longo desses 25 anos.
Essas doenças não-transmissíveis fazem parte do grupo de doenças crônicas não-transmissíveis. Elas têm aumentado decorrente de diversos fatores, principalmente os de natureza comportamental, como dietas, sedentarismo, dependência química de tabaco, álcool e outras drogas.