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Nascimento de gêmeos duplicaram no mundo

Redação Bonde
16 jul 2014 às 12:16

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- Reprodução
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Ter gêmeos é a nova tendência mundial. A chance de uma mulher gerar dois bebês de uma vez duplicou. De acordo com um levantamento divulgado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças, um órgão reconhecido na área da saúde, nos Estados Unidos, datado de 2012, os nascimentos de gêmeos dobraram dos anos 1980 para cá. O médico Wagner Rodrigues Hernandez, ginecologista e obstetra do setor de gestações múltiplas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, afirma que essa é uma tendência mundial e que também se verifica no Brasil.

O médico conta que a princípio, parece fácil explicar esse aumento, isto é, "dois terços devem-se aos tratamentos de reprodução assistida". Quando as mulheres optam pela realização desse processo, os especialistas costumam implantar mais de um embrião no útero, para aumentar as chances de gravidez. No entanto, mesmo o número de gêmeos nascidos naturalmente, o terço restante tem aumentado e é especialmente esse fenômeno que os pesquisadores estão tentando desvendar.

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De modo geral, o nascimento de gêmeos não é um evento tão incomum, já que uma em cada 40 crianças que nasce no mundo é gêmea. Mas é claro que nesse grupo estão incluídos dois diferentes tipos de gemelaridade: os gêmeos univitelinos (idênticos), que são formados a partir da divisão de um mesmo óvulo fecundado, e os bivitelinos (diferentes), que nascem da fecundação de dois óvulos por dois espermatozoides, portanto, além de ser diferentes, podem até serem de sexos opostos.

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Os casos de gêmeos univitelinos são bem mais raros. De acordo com dados de pesquisa realizada pelo Laboratório de Genética da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a incidência tem permanecido constante na maioria dos países, em torno de 3,5 e 4 para cada mil nascimentos.

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Gêmeos bivitelinos, mais comuns, está aumentando significativamente, e diversos fatores estão sendo estudados para explicar esse aumento. Segue abaixo algumas explicações para desvendar esse fenômeno:


Histórico familiar

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Segundo o urologista Jorge Haddad Filho, coordenador do Programa de Reprodução Assistida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a mulher que têm gêmeos na família apresenta mais chance de gerar gêmeos não idênticos.


Ele explica que "presume-se que a predisposição a liberar dois óvulos seja uma herança ligada ao cromossomo X", diz o especialista. "O cromossomo X que carrega o suposto gene da superovulação pode vir do pai ou da mãe da mulher que vai engravidar".

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O obstetra Wagner Hernandez, revela que quanto mais gêmeos a mulher tiver na família, maiores as chances de uma gravidez múltipla. Além disso, a proximidade dos parentes que tiveram gêmeos também influencia. "As relações de primeiro e segundo graus são as que mais aumentam as chances. Por exemplo, se a mulher tem uma irmã gêmea ou se a mãe dela tem uma irmã gêmea, há maior possibilidade de que ela venha a ser mãe de gêmeos", diz.


Já no caso de gêmeos idênticos, a questão é mais controversa. Estudos revelam que a divisão de um óvulo em dois acontece por acaso.

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Idade da gestante


Segundo Hernandez, mulheres que engravidam depois dos 35 anos, tem mais chances de terem gêmeos. Ele explica que isso acontece porque, em uma mulher mais velha, o estímulo para ovular precisa ser maior, desta forma, o organismo acaba produzindo mais FSH (o hormônio estimulador de folículos, as estruturas do ovário que contêm os óvulos) para garantir o desenvolvimento dos poucos folículos que restam. Por isso, aumenta a probabilidade de se produzir mais de um óvulo, em um mesmo ciclo.

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Índice de massa corporal


Mulheres que apresentam um índice de massa corporal mais alto (acima de 30) também tem maiores chances de gerar filhos gêmeos. A princípio, trata-se apenas de uma relação estatística.

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Para alguns médicos, uma hipótese considerada é a de que mulheres obesas converteriam mais hormônios na gordura. "Elas estabeleceriam uma relação parecida com a das mães maduras, que têm níveis mais altos de FSH na corrente sanguínea e, por isso, teriam mais chances de produzir mais de um óvulo por ciclo", declara Hernandez.


Uso de anticoncepcional


A interrupção do uso de pílula anticoncepcional, também pode ocasionar uma gestação gemelar. "Aconteceria mais ou menos o mesmo processo que ocorre com a mulher de idade mais avançada: o organismo enviaria mais hormônio para a corrente sanguínea, fazendo com que a mulher ficasse mais predisposta a ovular mais de um folículo", ressalta Hernandez.


No entanto, o médico Eduardo Zlotnik, coordenador do curso de pós-graduação em ginecologia e obstetrícia no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, discorda dessa tese. Para ele, o que pode ocorrer é que a mulher demore um pouco mais para voltar ao ciclo regular.


Ovários policísticos


Para a obstetra Karla Giusti Zacharias, ginecologista da unidade do Itaim Bibi do Hospital São Luís, também na capital paulista‏, as mulheres que sofrem da síndrome do ovário policístico, uma disfunção hormonal que provoca irregularidades e falhas no ciclo menstrual, podem produzir mais óvulos em um determinado ciclo, mas isso não é uma regra.


Altura da gestante


Mulheres mais altas têm mais chances de engravidar de gêmeos? É isso mesmo, de acordo Karla, o motivo seria o aumento da proteína IGF, abreviatura do termo em inglês "insulin-like growth factor" ou "fator de crescimento tipo insulina.


Para explicar o caso, a médica cita uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo obstetra Gary Steinman, do Centro Médico de Long Island. O estudo mostra uma relação entre a maior quantidade dessa substância no sangue e uma maior sensibilidade dos ovários ao FSH, o hormônio folículo-estimulante.


Consumo de leite


A quantidade de leite ingerido pela mulher também influencia. Gary Steinman afirma que se comparadas àquelas que fazem uma dieta vegana (sem produtos de origem animal), as mulheres que consomem produtos de origem animal, especialmente laticínios, são cinco vezes mais propensas a ter gêmeos.


O aumento do IGF também explica o caso: a proteína é encontrada no leite de vaca e em outros produtos animais. Mas a pesquisa descobriu uma probabilidade estatística e não um fator determinante, conforme alerta Haddad. "A relação não é tão direta e simples. Não podemos afirmar que, se a pessoa quiser ter gêmeos, então, basta tomar mais leite", diz o médico.


Os riscos da gravidez gemelar


Apesar de muitas mulheres terem o desejo de gerar filhos gêmeos, para os médicos a notícia de uma gravidez gemelar é sempre muito preocupante, pois de acordo com o médico Eduardo Zlotnik, do Hospital Israelita Albert Einstein, 30% dessas gestações resultam em partos prematuros.


E quando os gêmeos dividem a mesma placenta (bebês univitelinos), o risco é ainda maior. Zlotnik conta que quando há uma placenta só sustentando os dois bebês, um pode puxar o sangue do outro e atrapalhar o seu desenvolvimento.

Dados do Laboratório de Genética da Universidade Católica de Pelotas, revelam que a taxa de mortalidade logo após o parto é quatro vezes mais alta para gêmeos e seis vezes maior para trigêmeos. (Com informações UOL)


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