A Organização Mundial de Saúde (OMS) deu novo sinal de alerta sobre os riscos do descontrole total do surto de Ebola a todos os países e seus governantes, em balanço divulgado no fechamento da primeira quinzena de setembro. Segundo a diretora-geral Margaret Chan, não há indicação de que a doença esteja perdendo força. Para piorar, faltam médicos e profissionais de saúde para enfrentar o drama vivido na África.
Oficialmente, já foram registradas mais de 2.400 mortes pelo Ebola na África Ocidental. No total, 4.784 pessoas teriam sido infectadas pelo vírus até 12 de setembro. Entretanto, a própria OMS admite que os números reais devem ser bem maiores, pois há subnotificação e alguns governos escondem a extensão da tragédia por questões políticas e comerciais.
A doença se espalha mais rápido do que a capacidade de tratar. A OMS tem solicitado apoio internacional para o envio de médicos e profissionais da saúde em todo o mundo para combater a epidemia. Estima-se que sejam necessários de 500 a 600 médicos e pelo menos 1.000 ou mais agentes multiprofissionais. Também tem sido cobrado do Brasil mais ação para ajudar no combate ao Ebola.
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Localmente, os serviços de saúde brasileiros estão em alerta para identificar pacientes que tiveram possível contato com o vírus. Nenhum dos casos apresentados até o momento preencheu os requisitos para ser considerado suspeito. Por enquanto, os cidadãos devem ficar tranquilos, pois o risco da doença no país é muito baixo, uma vez que afeta vítimas, no momento, em um local restrito fora do Brasil, onde predominam aspectos culturais e de higiene que favorecem a disseminação do vírus.
Embora o estado do Acre estivesse sob suspeita de ser uma porta de entrada do Ebola no país, após a confirmação de um paciente do Guiné com febre hemorrágica, a hipótese foi descartada pelo Ministério da Saúde. De qualquer forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) encaminhou uma equipe para a fronteira para avaliação das condições locais, diante dos receios e de possíveis riscos desta população.
Pelo mundo
A Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA, sigla em inglês), divulgou um comunicado, logo após a Conferência Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos, no Rio de Janeiro. De acordo com o texto, suas representações em todo o mundo se aliaram pela busca de soluções inovadoras que simplifiquem a avaliação e o acesso a potenciais novos medicamentos para o tratamento do Ebola.
Neste momento, diversos tratamentos experimentais estão em consideração pelas autoridades responsáveis para ajudar a conter a propagação do vírus. Entre eles, uma vacina desenvolvida pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e pela indústria farmacêutica. Testes da vacina em humanos começaram no início de setembro, nos Estados Unidos da América (EUA), e se estenderão para o Reino Unido e África. Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos conduzem experimentos que indicam que a imunidade pode durar, pelo menos, dez meses.
Em sua formulação, é usado um vírus de chimpanzé geneticamente modificado contendo componentes de duas espécies de Ebola-Zaire, que está em circulação na África Ocidental, e das espécies comuns encontradas no Sudão. Embora não se replique dentro do corpo, espera-se que o sistema imunológico reaja e desenvolva imunidade.
Contaminação
A transmissão durante a assistência aos doentes ocorre quando os profissionais de saúde e os cuidadores não usam adequadamente os equipamentos de proteção individual (EPI). Assim, é importante seguir rigorosamente as precauções recomendadas pelo Centers for Diseases Control –CDC/Normas de Biossegurança, além dos cuidados usuais seguros para evitar possíveis exposições ao material infectado.
É necessário usar aventais, luvas, máscaras e óculos de proteção ou protetores faciais; não reutilizar equipamentos ou roupas de proteção, exceto quando desinfectados, assim como trocar as luvas quando há manuseio de um paciente para outro.
Procedimentos invasivos podem expor as equipes multidisciplinares à infecção e requerem totais condições de segurança. Os pacientes infectados devem ser separados dos demais e de indivíduos saudáveis, o máximo possível. Observa-se, entretanto, a dificuldade de manter os padrões adequados devido às condições existentes nos locais onde a doença ocorre, o que, sem dúvida, propicia a infecção entre profissionais de saúde.
O vírus Ebola morre facilmente pelo uso de sabão, água sanitária, sol ou ambientes secos. Sobrevive, por um curto período, em superfícies secas ou com raios solares.
Assim, é importante, estar alerta para sintomas que possam ser apresentados por pessoas procedentes de áreas de Ebola. Os sinais surgem após um período de incubação de 2 a 21 dias, como febre alta, fraqueza, dor muscular, cefaleia, dor de garganta, que poderão ser seguidos de vômitos, diarreia e irritações de pele. Em quadros mais avançados, há alterações hepáticas, renais e hemorragia interna/externa.