De uma maneira geral, adolescentes e jovens rapazes não conseguem desenvolver naturalmente músculos tão hipertróficos apenas por meio da realização de atividades físicas. Nos meninos, os hormônios masculinos e o estirão de crescimento é inclusive mais tardio, em relação ao que acontece com os corpos das meninas. E não há hipertrofia muscular sem hormônios masculinos em excesso. "No homem adulto isso pode ocorrer associado após muita musculação, mas até nesses casos, as proporções da musculatura alcançam um limite, porque o tempo de que os homens dispõem para fazer musculação também tem um limite. Assim, quando observamos as proporções corporais dos jovens adultos, chegamos à conclusão de que alguma coisa não fisiológica está acontecendo com eles", diz a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
Uma pesquisa realizada com 500 usuários de hormônios masculinos, nos Estados Unidos, revelou que 78% deles não tinham motivos esportivos para o consumo, 60% usavam doses consideradas muito altas, 99% usavam formulações injetáveis que eles mesmos aplicavam e 13% admitiam práticas de risco, como o reuso de seringas e o compartilhamento de agulhas. Além disso, 25% dos usuários de hormônios masculinos associavam outras drogas aos esteróides, como o hormônio de crescimento, por exemplo.
Um dos primeiros efeitos colaterais do abuso de androgênios é a acne. Esses hormônios levam à hipertrofia das glândulas sebáceas com aumento da secreção sebácea dessas glândulas e a proliferação de bactérias causadoras da acne. "Os suplementos de proteína Whey, usados largamente em academias e fora delas, agravam esse efeito colateral dos hormônios masculinos, pois a proteína do soro do leite, utilizada nesse produto, tem um forte efeito estimulante da insulina e um efeito sinérgico aos andrógenos, causando acne", explica a endocrinologista.
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Ao lado da hipertrofia das glândulas sebáceas, a preocupação com relação ao abuso de andrógenos, principalmente em associações hormonais, é a potencial indução de proliferação celular, envolvendo outras glândulas e órgãos, aumentando a possibilidade do câncer, aterosclerose e infarto. O uso de suplementos de hormônios masculinos no homem pode levar também à redução da produção de espermatozóides e do volume testicular, aumento da próstata, desenvolvimento de mamas e sinais de feminização. Na mulher ocorre o oposto: aumento dos pelos corporais, suspensão das menstruações, atrofia mamária, calvície, engrossamento da voz e sinais mais graves de masculinização. (Com MW Comunicação)