Imagine ser perseguido 24h por dia por um som perturbador que pode se parecer com zunido, cigarra, apito, chiado ou barulho de chuveiro. O problema é real e, segundo pesquisas científicas, atormenta cerca de 30 milhões de brasileiros e 17% da população mundial – sendo que, de todos os prejudicados com a doença, apenas 40% reconhecem os sintomas e um número ainda menor procura por assistência especializada. O problema em questão é o zumbido, uma patologia de origem multifatorial, ou seja, pode ser iniciado ou desencadeado por vários tipos de problemas que é descrito pelos pacientes de diferentes formas e maneiras.
O zumbido é um sintoma que pode ter múltiplas causas ao mesmo tempo e há quase 100 anos os médicos e odontólogos – de forma conjunta - estudam e buscam as razões que geram estes incômodos, em função de que as ATMs (articulações temporomandibulares, que ligam a mandíbula ao crânio) se encaixarem exatamente ao lado dos ouvidos. As ciências médicas e odontológicas já sabem que ele - o zumbido - pode ser influenciado também por aspectos psicológicos, como o estresse e a ansiedade que podem resultar em apertamentos exageradas (e por isto patológicos) da musculatura mastigatória. Isto pode ocorre tanto de dia como durante a noite.
Efeitos de função muscular excessiva no rosto, como o apertamento dos dentes gerado pelo excesso de força da musculatura mastigatória (e também da região de cabeça e pescoço) passaram a ser levados em consideração no diagnóstico diferencial dos tipos de zumbido que pode acometer as pessoas. "Agora já se pode diagnosticar com precisão o que antes não era bem conhecido. A força dos músculos da face (da mastigação) e o apertamento de dentes não pareciam ter relação direta com os sintomas dos ouvidos. Isto mudou e atualmente já se sabe que a ação muscular craniofacial inadequada, pode, em determinados casos, ser interpretada pelo cérebro como causador de zumbido ao invés de dor", afirma o especialista em Ortopedia Facial e Ortodontia, Gerson Köhler, de Curitiba-PR.
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O zumbido é classicamente definido como uma percepção auditiva fantasma, sem haver concomitante estímulo auditivo externo (ruído provindo do ambiente). Segundo pesquisas neurológicas realizadas a partir dos anos 90, a força que é aplicada na mastigação, por exemplo, pode produzir resultados que, em alguns casos são interpretados erroneamente pelo cérebro como uma sensação de zumbido.
O diagnóstico inicial, segundo o Dr. Köhler, continua, no entanto, sendo efetuado - sempre - pela medicina otoneurológica, mas a avaliação craniofacial é solicitada, quando necessária, pelo médico especialista quando ele detecta que os sintomas acúfenos (o zumbido) não é causado somente a partir da cóclea (uma complexa estrutura interna dos ouvidos).