Uma pesquisa publicada no Especialista da Unifesp alerta sobre a possibilidade de deslocamento entre o crânio e a primeira e a segunda vértebra cervicais que podem resultar em tetraplegia.
A revista World Neurosurgery mostra que, entre os 80 adultos portadores de síndrome de Down analisados, 31% deles apresentavam instabilidade na transição crânio-cervical, ou seja, na porção mais alta do pescoço em que se apoia a cabeça.
Segundo o neurocirurgião, Dr. Vinicius Benites, as pessoas com Down possuem uma frouxidão dos ligamentos que conectam a cabeça a porção mais alta do pescoço, favorecendo a instabilidade. "Muitos pais ou responsáveis não sabem disso. Normalmente, é encontrada nas pessoas com Down uma alteração na articulação entre o crânio e as duas primeiras vértebras cervicais, o que é mais um fator para a instabilidade dessa região", diz.
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Os sintomas de instabilidade cervical podem ser detectados na alteração da caminhada, dor no pescoço, sensação de cansaço crônico cervical, diminuição da movimentação cervical, torcicolo, perda de força e até tetraplegia. "Vale ressaltar que a grande maioria das pessoas com síndrome de Down e que possuem a instabilidade não apresentam qualquer sintoma.
Já as que possuem indícios, o tratamento é, em geral, com uma cirurgia que promove a estabilização cervical e tira qualquer chance de evoluir para um quadro catastrófico de tetraplegia", indica Benites.
Não há uma idade especifica de maior risco, já que crianças e adultos estão sujeitos. Dr. Benites ainda comenta que a preocupação é maior com aqueles que praticam esportes, já que após um movimento brusco ou de choque, que é comum em várias modalidades, poderia haver um trauma agudo da medula, e assim, desencadear uma tetraplegia aguda.
"Sendo assim, todos com síndrome de Down que irão praticar alguma atividade física, devem realizar uma radiografia cervical para afastar o problema. Se for constatado que há um deslocamento, essa pessoa deve ser orientada sobre o que pode praticar. Se não for constatado nenhuma anormalidade, ela será liberada para praticar qualquer atividade esportiva", explica o neurocirurgião.