Com temperaturas altas e tempo úmido na maior parte do País, as gestantes devem redobrar a atenção ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor do zika vírus. Tudo porque a fase mais vulnerável para contaminação de bebês é o primeiro trimestre de gravidez. Segundo a ginecologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos Maria Luiza Mendes, quanto menor for o bebê em formação no ventre materno, maior será o risco de infecção pelo vírus.
Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que os casos suspeitos de microcefalia em bebês ligados ao zika vírus aumentaram para 3.852 na última semana. Cerca de 462 foram confirmados.
"O primeiro trimestre da gravidez é o período mais delicado, pois o bebê fica totalmente vulnerável. É nesta fase que o Aedes Aegypti pode acarretar maior perigo, pois se alimenta do sangue obtido através da picada na pele da gestante, que por sua vez transmite o vírus por meio da placenta, atingindo o sistema neurológico do feto", alerta.
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Para complicar o quadro, os exames de rotina realizados pelas gestantes dificilmente detectam casos de microcefalia no início da doença. Somente a partir da vigésima semana de gravidez, o ultrassom pode possibilitar a identificação de alguma irregularidade. Com a autorização de um profissional, outro meio de diagnosticar o problema é a realização de uma tomografia computadorizada, que detecta casos de anormalidades estruturais do cérebro.
A médica alerta ainda que é possível evitar a aproximação do mosquito com medidas simples, principalmente em uma época como o verão e em cidades litorâneas – um dos maiores focos de proliferação do inseto. "O uso de repelentes é fundamental nesta e em qualquer época do ano. Recomenda-se respeitar um intervalo médio de 4 horas. É importante que as pessoas se informem e se conscientizem sobre a forma correta de aplicação na pele para não comprometer a eficácia do produto", orienta.
Existem também outras formas de evitar o contato com o mosquito, como a utilização de blusas e calças compridas, que expõem menos a pele. Outra dica é tentar manter-se em áreas mais frescas ou com ar condicionado, pois, em muitos casos, o inseto não sobrevive em temperaturas mais baixas.
A microcefalia é caracterizada por uma malformação em que a criança nasce com o cérebro e o crânio menores do que o normal – dimensões iguais ou menores que 32 centímetros. Com o sistema nervoso central afetado, a doença pode causar atraso mental, alterações físicas como problemas de fala e dificuldades motoras, além de danos de memória e de raciocínio.
Embora a principal característica da microcefalia se mantenha no decorrer da vida, a partir dos primeiros anos de desenvolvimento da criança, as sequelas podem ser amenizadas com a ajuda de profissionais, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Este tipo de trabalho é essencial para estimular as habilidades no decorrer do crescimento, já que não existe tratamento medicamentoso para a doença.