O raio laser disparado pelas torcidas diretamente no rosto dos jogadores não prejudica apenas o desenvolvimento da partida. O raio de luz colorida, já fotografado em tantos estádios, pode prejudicar de forma irreversível a visão dos jogadores e de quem mais seja atingido pelo laser na região dos olhos. Quem alerta é o oftalmologista Canrobert Oliveira, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) neste início de Copa América.
Nos Estados Unidos, uma lei para considerar crime o uso de aparelho laser a bordo de um avião está em elaboração no Congresso. De acordo com agência de notícias France Presse, a brincadeira de mau gosto provocou mais de 2.800 incidentes no ano passado protagonizados por pilotos em todo o mundo, o dobro em relação a 2009 e quase dez vezes mais que em 2005, segundo números da Aviação Federal Americana (FAA). Na Austrália, o uso do laser verde acima de 1mW é proibido desde 2008 por ser considerado perigoso para aviação e "arma" proibida. Enquanto a Holanda, Suécia e Reino Unido já possuem regras bem definidas para o uso do laser verde, no Brasil, a cada dia, torna-se mais fácil comprá-los e mais comum seu uso nos campos de futebol sem nenhum controle ou legislação.
De fácil acesso no varejo, as ponteiras de laser, úteis para diversas situações como apresentações, aulas e palestras, necessitam de critérios em seu uso para não se tornarem um problema de saúde.
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Neurônios - De acordo com Canrobert Oliveira, ao atingir o olho humano, o raio laser , a depender do tempo de exposição aos olhos, pode causar lesão irreversível dos neurônios de retina, "especialmente o laser de luz verde que é 60 vezes mais potente que o vermelho".
O laser é uma luz muito colimada, isto é, com alta concentração de energia, que não se espalha com a distância alcançada", observa o médico. Ele explica que, se essa luz atinge os olhos por pouco tempo, ofusca e pode causar cegueira temporária com recuperação lenta. Os torcedores estão disparam a luz contra goleiros e artilheiros nos momentos cruciais da partida. Contudo, se uma pessoa olhar para um feixe de raio laser verde por 60 segundos, por exemplo, haverá morte de neurônios da mácula, com lesão permanente de área nobre da visão. "A retina é frágil e seus neurônios não se recuperam", frisa.
Canrobert lembra que há alguns anos, quando os laser pointers começaram a aparecer para auxiliar em apresentações, havia uma recomendação juntamente com a embalagem do produto desaconselhando jogar a luz nos olhos e não explicava o porquê. "Mas, agora, há muita facilidade de aquisição desses produtos e sem indicação nenhuma", reclama.
Degeneração - A luz verde que sai do laser pointer pode alcançar uma distância em torno de 300 metros com muita energia concentrada, alerta o oftalmologista ao explicar que a exposição dos olhos a esta potência por repetidas vezes, também tem efeito cumulativo e pode levar ao prejuízo da visão central.
No que se refere aos cuidados com a visão central, é importante também destacar a degeneração macular, disfunção visual que não tem cura.
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que se origina do crescimento anormal dos vasos sanguíneos subretinianos pode levar à cegueira. A mácula é afetada e o resultado é a baixa súbita ou progressiva da visão central. O diagnóstico e tratamento adequado podem evitar danos irreversíveis.
A mácula é a região central da retina e sua degeneração impossibilita as pessoas de ler, ver televisão, escrever ou realizar trabalhos manuais, uma vez que essas ações exigem um nível de detalhamento visual que a retina não consegue mais alcançar.
De acordo com Canrobert, a perda na quantidade e na qualidade de visão, mesmo com óculos, são os primeiros sinais da presença de degeneração macular. "O paciente enxerga mais embaçado e em menor quantidade. Sem tratamento, a visão fica cada vez pior e as chances de recuperar qualidade e quantidade de visão são reduzidas", adverte (com ATF Comunicação Empresarial).