O excesso de ruído é uma das causas da falta de qualidade de vida nas grandes cidades brasileiras. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, depois da poluição do ar e da água, o barulho acima do normal ocupa o terceiro lugar no ranking de problemas ambientais que mais afetam a população.
E engana-se quem pensa que o problema vem apenas de locais externos. É mais comum do que parece pessoas instalarem janelas acústicas para diminuir a poluição sonora que vem de fora – e então são surpreendidas pelos ruídos existentes dentro da própria casa. O lar, se não tomados os devidos cuidados, pode se tornar um local barulhento, ao invés de proporcionar descanso para a cabeça – e aos ouvidos.
A otorrinolaringologista, otoneurologista e mestre em clínica cirúrgica pela UFPR, Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, de Curitiba, explica que a perda auditiva causada devido à exposição a ruídos intensos durante um longo tempo – como barulhos de construção, shows de rock, etc. - é diferente do que se observa nos ruídos recorrentes nas atividades do lar, já que eles não prejudicam a audição diretamente, mas sim o bem estar.
A doutora esclarece. "Em praticamente todas as atividades, em quase qualquer ambiente, há uma exposição a níveis de pressão sonora elevados. Por exemplo, no ambiente domiciliar, liquidificadores, batedeiras, máquinas de lavar pratos e roupas são os campões entre os geradores de ruído", comenta.
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Atividades cotidianas, como o arrastar de cadeiras, o excesso de volume da TV e o tom de voz, podem se tornar muito desagradáveis com o passar do tempo. É preciso ter consciência e perceber que na hora os ruídos podem não atrapalhar, mas que com os anos, isso fará mal para a sua saúde.
A mestre em clínica cirúrgica comenta que esses ruídos domésticos não causam a perda de audição em si, mas que podem originar outras formas de danos a saúde que não são ligados diretamente a esse sistema. "Os ruídos comuns do dia-a-dia não ocasionam problemas diretos a audição, mas, sem perceber, é possível que o excesso de barulho cotidiano acarrete em problemas de atenção, concentração, insônia, diminuição do rendimento no trabalho, mudança repentina de humor, dores de cabeça e ansiedade no indivíduo", alerta Rita Guimarães.
Sendo esse um dos sentidos mais importantes para os seres humanos, a otorrino sugere que no lar sejam utilizados tecidos macios e flexíveis, como veludo e algodão, em cortinas, pois emitem menos ruído. Tapetes e estofados também podem ajudar a abafar os sons desagradáveis e reduzir o problema. Sofás de couro, mesas de vidro e móveis com revestimento laminado ou madeira envernizada possuem superfícies lisas e "refletem" o som, promovendo sua reverberação – e podem prejudicar a sua saúde e bem estar com o passar do tempo.