Prevenção é o melhor remédio para evitar a perda total da visão causada pelo glaucoma, doença que, segundo dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), é a segunda causa de cegueira no mundo (12,3%), atrás da catarata com 47,8%. "Apesar das causas de cegueira no mundo variarem de acordo com as condições sócio econômicas e geográficas de cada população estudada, o glaucoma se mantém como uma das principais causas, independentemente da população avaliada", afirma a médica oftalmologista Letícia Trevisan Tecchio, da Clínica Schaefer, de Curitiba. Uma estimativa indica que haverá 79,6 milhões de pessoas com glaucoma em 2020.
O Dia Nacional de Prevenção e Combate ao Glaucoma é comemorado no dia 26 de maio. A enfermidade se inicia de forma bastante lenta e tem como complicador o fato de, na maioria dos casos, não apresentar sintomas. "A perda de visão ocasionada por um glaucoma é irreversível, por isso são fundamentais o diagnóstico e o tratamento da doença", ressalta a oftalmologista, A falta de sintomas é, na verdade, uma espécie de alerta que todas as pessoas devem ter, após completarem 40 anos de idade. "Já que os sintomas normalmente não aparecem, é preciso então consultar um oftalmologista regularmente", recomenda.
Tratamento cirúrgico
"O tratamento do glaucoma geralmente visa a redução da Pressão Intraocular (PIO) a níveis em que não ocorra mais a perda do campo visual. O nível ideal da PIO depende de cada caso e principalmente do grau de evolução do glaucoma do paciente", afirma a oftalmologista.
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Na maioria dos casos o tratamento clínico, que é a base de colírios, consegue ser eficiente para manter a PIO baixa. Nos casos em que a PIO não consegue ser controlada com medicações e o paciente tem risco de perder a visão, optamos pelo tratamento cirúrgico.
"O tratamento cirúrgico do glaucoma pode ser realizado com laser em algumas situações, como a iridotomia em casos de glaucoma de ângulo estreito, e a trabeculoplastia em casos de ângulo aberto. O tratamento com laser pode ter algum efeito na redução da PIO mas pode não ser o suficiente", explica a médica.
A principal cirurgia realizada para o tratamento do glaucoma é a trabeculectomia. Ela consiste na criação de uma fístula de drenagem do líquido intraocular para o espaço subconjuntival Através dessa cirurgia, o líquido passa de dentro do olho por uma janela na esclera até uma bolsa filtrante.
Taxas de sucesso
As taxas de sucesso, em média, ficam ao redor de 80% ao final de um ano. Sucesso nesse caso significa conseguir manter a pressão ocular controlada adequadamente. Os resultados são baseados em médias e podem variar muito para cada paciente. Fatores como a idade, tipo de glaucoma, cirurgias prévias e os cuidados pós-operatórios influenciam muito no resultado.
A redução da PIO com a trabeculectomia geralmente é a melhor que se pode alcançar. E para manter as taxas baixas, podem ser necessárias várias intervenções no pós-operatório, tanto precoce como tardio. O funcionamento da bolsa de filtração depende da cicatrização de cada pessoa. A qualidade visual no pós-operatório pode ser bastante afetada, mas no geral retorna aos níveis pré-operatórios após um mês da cirurgia.
Outras técnicas de cirurgias antiglaucomatosas podem ser indicadas, como a escelerectomia profunda não penetrante, implantes de drenagem e cirurgia ciclo-destrutiva. Recentemente vêm crescendo no mercado mundial as técnicas minimamente invasivas chamadas MIGS (Micro Incisional Glaucoma Surgery). Trata-se de pequenos implantes que ajudam a filtração natural do olho, geralmente implantados no mesmo momento da cirurgia de catarata. A recuperação do paciente é muito mais tranquila e com menos complicações que as técnicas tradicionais, mas ainda não dispomos da nova tecnologia no Brasil.