Ainda pouco discutida e conhecida, a Síndrome da Bexiga Dolorosa, também conhecida como Cistite Intersticial, é uma doença rara, crônica e difícil de ser diagnosticada. Atualmente, ela é confirmada pela exclusão sistemática de outras doenças semelhantes. Um diagnóstico preciso pode demorar de quatro a cinco anos para ser realizado, pois a doença ainda é pouco conhecida.
De acordo com o Dr. Paulo Palma, Professor Titular de Urologia da UNICAMP e Diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), os pacientes que possuem a síndrome procuram, em média, cinco médicos antes que o diagnóstico correto seja efetuado. "Muitas pessoas podem ter a Síndrome da Bexiga Dolorosa e receber um tratamento para doença semelhante", revela Palma, também Presidente da Confederação Americana de Urologia (CAU). "Esse é um problema grave de saúde pública, que debilita muito as pessoas. Estima-se que 50% dos indivíduos afetados não são capazes de trabalhar normalmente".
Sintomas e Tratamentos
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Segundo o Professor da Unicamp, os principais sintomas dessa doença são dor pélvica e vesical, desconforto suprapúbico e noctúria, ocorrendo de modo cíclico ou crônico. "A Síndrome da Bexiga Dolorosa é definida como uma dor suprapúbica, acompanhada de outros sintomas. Diferentemente de uma bexiga normal, cuja camada epitelial é impermeável às substâncias nocivas presentes na urina, a bexiga com cistite intersticial possui uma permeabilidade epitelial que permite a passagem de toxinas e substâncias nocivas. Consequentemente, a camada protetora da bexiga vai sendo, gradativamente, degenerada", orienta Palma.
As causas da Síndrome da Bexiga Dolorosa não são completamente conhecidas. Estudos demonstram que não há um único quesito para desencadear essa patologia e diversos fatores isolados ou associados podem ser responsáveis pelos sintomas. Acredita-se que essa deficiência pode ser gerada por alterações neurológicas, psicológicas, autoimunes, hormonais e até por infecções urinárias. Uma deficiência nos componentes da camada protetora da bexiga é apontada como um dos principais fatores desencadeantes. Exposição prolongada ao frio e ingestão elevada de café também são fatores consideráveis.
Não existem dados disponíveis sobre a prevalência da Síndrome da Bexiga Dolorosa no Brasil. As informações utilizadas são provenientes de outros países. Considerada rara, essa patologia acomete cerca de nove mulheres para cada homem e a sua incidência é estimada em cerca de 10 a 100 pessoas em cada 100 mil habitantes. Dados dos Estados Unidos demonstram que mais de 700 mil americanos sofrem com a doença.
De acordo com o Dr. Palma, o tratamento para a Síndrome da Bexiga Dolorosa compreende mudanças comportamentais, como controle do estresse, prática de exercícios físicos e diminuição do consumo de cafeína, álcool e alimentos ácidos e condimentados, além do uso de medicamento e, excepcionalmente, intervenções cirúrgicas (com Barcelona Soluções Corporativas).