Ainda que a magreza não fosse mais a fórmula infalível de beleza para a sociedade moderna e tivéssemos o mesmo conceito de alguns séculos atrás - quando, na Idade Média, ser gordinho era sinônimo de ser saudável - a Cirurgia Bariátrica, popularmente conhecida como Cirurgia de Redução de Estômago, não perderia sua importância, uma vez que estudos comprovam que a obesidade é uma das maiores causadoras de morte no mundo. Apesar disso, dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que os brasileiros ganharam muito peso nos últimos anos, devido, principalmente, ao aumento de renda da população. De acordo com a pesquisa, 48% das mulheres e 50,1% dos homens, acima de 20 anos, estão com sobrepeso.
Procedimento cirúrgico utilizado no tratamento da obesidade, a cirurgia Bariátrica é realizada em cerca de 30 mil pessoas no Brasil. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo e coordenador do ambulatório do serviço de obesidade do Hospital Santa Cruz em Curitiba, Paulo Nassif, "há basicamente dois tipos de técnicas cirúrgicas utilizadas, atualmente: Restritivas e Mistas", afirma. "Nas Cirurgias Restritivas o emagrecimento é causado pela redução de armazenamento do estômago e velocidade de esvaziamento, ou seja, não há como se ingerir grandes quantidades de alimentos. As Cirurgias Mistas são as mais utilizadas e, dentre elas, a técnica mais empregada no mundo é a de Capella, que consiste em reduzir o volume do estômago a cerca de 30ml, além disso, tamém é realizado um desvio intestinal, caracterizando uma técnica mista", completa Nassif. Além de Capella, existe a técnica de Scopinario e Duodenal Switch, em que parte do estômago é retirado – aproximadamente mais da metade – e é feito um desvio no intestino, que provoca má absorção de alimentos. De acordo com o especialista, esta técnica é bastante utilizada em pacientes que possuem diabetes.
A Cirurgia Bariátrica é indicada a pacientes que possuem Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 e 40, quando há associação a outras doenças e, acima de 40, para qualquer pessoa. Este índice é obtido a partir da fórmula de divisão do peso, pelo quadrado da altura. No entanto, antes de se chegar à mesa cirúrgica os pacientes precisam passar pela avaliação e orientação de uma equipe multidisciplinar, composta pelo cirurgião, endocrinologista, cardiologista, pneumologista, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista. Segundo Nassif, "esse protocolo completo é imprescindível para o preparo do paciente, antes de ser submetido à cirurgia", explica.
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No Hospital Santa Cruz, o atual ambulatório do Serviço de Cirurgia Bariátrica foi implantado há seis meses e conta com equipamento cirúrgico de última geração. "A grande facilidade de se realizar este tipo de cirurgia em um hospital como o Santa Cruz, é que o paciente tem a sua disposição toda a equipe multidisciplinar à sua disposição", diz Nassif. "Isto garante comodidade ao paciente, pois todo o atendimento necessário para o preparo pré-cirúrgico pode ser feito em um único lugar", completa.
O tratamento através de cirurgia é recomendado, geralmente, a pessoas que sofrem comorbidades, ou seja, doenças associadas à obesidade, que devem melhorar se esta for tratada de forma eficaz. "As comorbidades mais comuns são hipertensão arterial, diabetes tipo 2, apneia do sono, problemas articulares e síndrome metabólica", afirma o cirurgião. Além disso, existem os problemas psicológicos, decorrentes da depressão, isolamento, limitações físicas e descriminação social.
Apesar de sua grande eficácia, a Cirurgia Bariátrica só é bem sucedida quando há colaboração e disciplina dos pacientes que se submetem ao procedimento. "Mesmo após realizar a cirurgia, o paciente pode voltar a ser obeso", garante Nassif. "Para evitar isso, é preciso que ele se adapte a uma vida nova, praticando exercícios físicos e cuidando sempre da sua alimentação e seguindo rigorosamente a orientação da equipe multidisciplinar", alerta o especialista (com Lide Multimídia - Assessoria de Imprensa).