A medida que corpo e mente manifestam sinais de cansaço após um exaustivo dia de atividades, o ideal é dormir, em média, oito horas por dia visando repor as energias para a realização de novas funções, organizar a memória e eliminar a sensação de fadiga corporal. No entanto, mesmo que a pessoa tenha dormido bem, pode estar sujeita à narcolepsia, caracterizada por ataques de sono diurnos e incontroláveis a qualquer momento e em situações inusitadas, como ao dirigir, durante uma reunião profissional ou até mesmo em pé dentro de um ônibus.
Para compreender as questões que envolvem essa inusitada doença, a neurologista e coordenadora do Departamento do Sono da Academia Brasileira de Neurologia, Rosa Hara, esclarece que a narcolepsia "é uma enfermidade degenerativa causada pela alteração de algumas células cerebrais responsáveis pelo sono REM (Movimento Rápido dos Olhos), na qual o indivíduo sofre ataques de sonolência diurna incontroláveis. Rara, a patologia registra um caso para 100 mil habitantes, porém, suas conseqüências são graves, podendo levar à morte", diz.
Além do clássico sintoma do sono excessivo, o narcolépsico apresenta a cataplexia, caracterizada pela paralisia do sono (incapacidade de se mover, falar ou acordar quando está dormindo), associada à emoções intensas como sustos, risos ou surpresa. Alucinações e prédisposição genética também podem ser indícios da doença. Segundo a Dra. Rosa Hara, a narcolepsia acontece porque o portador salta a etapa do sono normal, e entra subitamente no sono REM.
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O descontrole do sono é considerado grave pelos especialistas por conta das situações singulares em que o narcolépsico pode apresentar. Dirigir um veículo ou executar tarefas no ambiente de trabalho, são riscos de acidentes iminentes, já que o portador perde o controle tanto do sono quanto dos afazeres, colocando em risco sua vida e a dos demais que convivem no mesmo ambiente.
Tratamento
Diagnosticar um portador é uma tarefa complexa, realizada por meio do exame de polissonografia, revisão do histórico médico e os principais sintomas apresentados pelo paciente. Uma vez constatada a narcolepsia, o tratamento deve ser seguido ao longo da vida. Segundo o diretor do Instituto de Medicina e Sono de Campinas, Dr. J. Shigueo Yonekura, o acompanhamento inclui remédios que visam permitir ao paciente manter atividades cotidianas sem afetar sua vida pessoal.
Embora incurável, os portadores precisam adotar uma série de cuidados para que os colapsos sejam menos freqüentes, a começar pela mudança no estilo de vida. Bebidas alcoólicas induzem o sono e, portanto, é necessário evitá-las. Assim, para facilitar o controle da sonolência, procure tirar cochilos programados, de 10 a 20 minutos por dia, e redobre os cuidados ao dirigir, pois, com o tratamento adequado e seguindo à risca as indicações médicas, os ataques tendem a ser mínimos e a vida novamente estabilizada (com saudeempautaonline).