O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, lembrado em 16 de setembro, foi instituído pela Lei nº 12.629/2012 com o intuito de criar estratégias que garantam prevenir, diagnosticar e tratar a condição.
E é bem provável que você já deva ter ouvido falar sobre casos envolvendo trombose e cirurgia. Mas qual é a relação entre a doença e procedimentos cirúrgicos? Há fatores de risco? O que fazer para evitar?
Conforme Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em toda cirurgia há risco de trombose venosa, também conhecida como TVP (Trombose Venosa Profunda).
Leia mais:
Investigação sobre desvios em compra de vacina da Covid volta ao STF, e PGR analisa em segredo
Droga injetável contra HIV é eleita descoberta de 2024 pela revista Science
Estudo sugere que consumo de chocolate amargo está ligado à redução no risco de diabetes tipo 2
Lula tem alta da UTI e passa a ter cuidados semi-intensivos no hospital
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a formação da TVP é mais comum na região das pernas ou na área pélvica, correspondendo a 80-95% dos casos.
“Ela é caracterizada pela formação de coágulos ou trombos dentro dos vasos sanguíneos, comprometendo o fluxo de sangue. Quando estes coágulos se desprendem das veias podem atingir órgãos vitais, em particular, os pulmões, causando o TEP (tromboembolismo pulmonar), podendo gerar complicações potencialmente graves”.
Fatores de risco
De acordo com o médico, o risco de trombose é mais comum no período pós-cirúrgico, quando o paciente necessita de repouso, fica com a mobilização reduzida e, consequentemente, tem sua circulação sanguínea diminuída.
“Entretanto, a chance é maior quando há fatores de risco como uso de pílula anticoncepcional, histórico familiar, tabagismo, obesidade, sedentarismo, doenças genéticas ou autoimunes, que alteram a coagulação sanguínea, entre outras condições”, completa Maatz.
Prevenção
A primeira consulta é fundamental para que o médico faça uma triagem completa, obtendo todas as informações necessárias sobre o paciente, incluindo histórico de saúde, histórico familiar, hábitos de vida, doenças pré-existentes, cirurgias anteriores, uso de medicamentos, entre outras questões.
“A cirurgia plástica não é indicada para pessoas que estão muito acima do peso ideal, com problemas cardiorrespiratórios sem controle adequado ou com algumas pré-disposições individuais. Daí a importância de fazer todos os exames pré-operatórios, que incluem exames de sangue e cardiológicos. Além disso, ela deve ser realizada em um hospital adequado, com toda infraestrutura necessária para atender a algum eventual problema durante ou após a cirurgia”, pontua Maatz.
Como notar um possível quadro de trombose no pós-operatório
O maior risco de trombose ocorre nas primeiras 48 horas após a cirurgia. Entretanto, é fundamental ficar em alerta por mais 15 a 20 dias, período em que ainda pode surgir a trombose.
“Fique atento se notar inchaço ou dor na panturrilha; pele quente, avermelhada ou enrijecimento das pernas. Caso identifique os sintomas, dirija-se a um pronto-socorro e comunique seu cirurgião imediatamente”, orienta.
Regras para minimizar o risco de trombose
Primeiramente, certifique-se que o cirurgião segue o protocolo de prevenção de TVP/TEP. Na maioria das cirurgias plásticas, exceto os procedimentos de pequeno porte e sem restrição da deambulação pós-operatória, há necessidade de algum tipo de intervenção para evitar a trombose.
“Verifique com seu cirurgião se o hospital disponibiliza aparelho compressor pneumático intermitente, para massagear as pernas, e se você deverá fazer uso de medicações anticoagulantes”.
Mantenha as pernas elevadas e massageadas
Coloque travesseiros ou almofadas embaixo das pernas e dos pés, de modo que fiquem em uma altura pouco acima do corpo. Várias vezes ao dia, faça movimentos com os pés, como se estivesse pressionando e soltando o acelerador do carro.
Além disso, peça para alguém massagear suas pernas. “Essas técnicas evitam que o sangue fique estagnado nas pernas e circule melhor, o que diminui o risco da trombose”, diz Maatz.
Não fique o tempo todo parado
O repouso pós-operatório é necessário para a recuperação mais rápida e uma melhor cicatrização. No entanto, o paciente não deve permanecer o tempo todo imóvel.
“Pequenas caminhadas dentro de casa, ao longo do dia, são importantes para evitar a formação de coágulos, além de favorecerem o funcionamento intestinal. Na primeira semana após a cirurgia, é fundamental fazer essas caminhadas, com alguém supervisionando ou auxiliando”.
Faça uso das meias de compressão continuamente
Quando tiver alta e voltar para casa, siga as orientações médicas à risca, o que inclui o uso de meias de compressão para estimular a circulação.
“Nos primeiros 10 ou 14 dias após a cirurgia, é fundamental fazer uso contínuo das meias antitrombo. Se achar necessário, compre duas, caso sujem. O importante é mantê-las o tempo todo nas pernas e só retirar quando for tomar banho”.
Tome as medicações prescritas com responsabilidade
“Após uma cirurgia plástica, é de praxe a prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios para dor e antibióticos para evitar infecções. Se for necessário, o cirurgião pode prescrever também anticoagulantes, que impedem a formação de coágulos no sangue”, reforça Maatz.