Um grupo formado por três cientistas da Universidade de São Paulo (USP), orientados pela geneticista Mayana Zatz, foi o primeiro a isolar células-tronco humanas da gordura no Brasil. Segundo uma das responsáveis pela pesquisa, Natássia Vieira, o tecido adiposo constitui uma excelente fonte para coleta e armazenamento de células-tronco mesenquimais em indivíduos adultos, submetidos à lipoaspiração ou outros procedimentos cirúrgicos.
"Estas células se mostraram mais versáteis, portanto mais capazes de serem transformadas em diversas outras células e tecidos, e também se revelaram capazes de serem armazenadas, preservadas e, posteriormente, expandidas, o que aumenta a possibilidade de aplicações terapêuticas futuras", disse um dos responsáveis pela pesquisa, Eder Zucconi.
O mesmo grupo de pesquisadores fez outra descoberta que revolucionou o conceito a respeito do armazenamento de células-tronco no momento do parto. Os cientistas descobriram que o tecido do cordão umbilical é uma fonte muito mais rica em células-tronco mesenquimais quando comparadas com o sangue do cordão.
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"Os pais ainda têm pouca informação sobre o assunto e acabam acreditando ainda que vale a pena guardar as células-tronco encontradas no sangue apenas", disse Mariane Secco, uma das pesquisadoras responsáveis pela descoberta científica.
Atualmente não se recomenda armazenar as células-tronco hematopoeticas do sangue do cordão para uso próprio, ou seja, em bancos particulares. Por outro lado, pesquisadores ao redor do mundo têm demonstrado o potencial das células-tronco mesenquimais para tratamento de inúmeras doenças degenerativas e imunológicas, e até mesmo para situações corriqueiras como uma queimadura, fratura óssea ou até mesmo uma problema na cartilagem do joelho.
E para os pais que perderam a oportunidade de armazenar as células-tronco do sangue do cordão umbilical, há outra possibilidade: armazenar as células-tronco mesenquimais no processo de troca de dentes de leite pela dentição permanente.
"A coleta a partir da polpa de dente de leite é simples e permite aos pais que façam aquilo que seguramente queriam ter feito no momento do parto: armazenar as células-tronco mesenquimais mais jovens possíveis", explica a diretora do StemCorp, Dra. Mariane Secco.
Para a coleta das células-tronco mesenquimais na troca da dentição, a StemCorp fornece um kit aos pais. Basta colocar o dente no pote indicado, assim que ele for extraído, em casa mesmo, como acontece normalmente, e enviar ao laboratório.
"Quanto mais jovens a célula-tronco mesenquimal, melhor. E com a criopresevação (o congelamento a baixas temperaturas) ela se mantém com a mesma idade em que foi coletada", esclarece Dra. Mariane Secco.
Esse material poderá ser ser usado no futuro e, o que é mais importante, existe a possibilidade de expansão (multiplicação em laboratório), sem perda de características e propriedades. "A tecnologia e o conhecimento científico para a expansão de células-tronco mesenquimais não é simples, requer laboratórios de alto padrão e profissionais de ponta, mas permite o uso em mais situações", explica a pesquisadora.