A família de Kauane Carolina Sotana Lopes dos Santos, de 20 anos, que estava grávida de quatro meses e havia 12 dias carregava o filho morto, afirma que pedirá investigação para apurar se houve negligência no atendimento pela Unidade Básica de Saúde Orlando Cestari, no Jardim União da Vitória (zona sul de Londrina). A jovem expeliu o feto na manhã de ontem e os parentes querem saber se era possível evitar a morte do bebê e se é aceitável fazer com que a mãe fique com o feto sem vida na barriga por um mês, já que a operação para retirada estava marcada para o próximo dia 16.
Kauane foi encaminhada ao Hospital Universitário (HU). O cunhado dela, Jeferson Xavier, acredita que houve descaso. "Imagina o quanto uma mãe fica abalada por ficar um mês com um bebê morto na barriga? Falei para o meu irmão pegar um laudo no hospital porque vamos entrar com uma ação. Não podem nos tratar assim, somos seres humanos", disse. Ele completou que Kauane teve de levar o feto em um pote ao hospital.
Tia de Kauane, Cleonice de Oliveira afirmou que a jovem fez um ultrassom em uma clínica da cidade, depois de passar mal no início do mês. "Disseram que o coração do bebê estava fraquinho e mandaram um laudo para o médico do posto de saúde, que não tomou qualquer providência", disse. No último dia 16, em novo ultrassom, a família descobriu que a criança estava morta há dois dias. "Mandaram para o HU e o HU mandou ela voltar para casa e esperar 30 dias, para fazer raspagem e tirar."
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Cleonice considerou que o principal problema foi a falta de atenção do médico do posto ao resultado do primeiro ultrassom. "O médico mandou por escrito para o médico do posto e ele não deve ter prestado atenção, porque disse que estava tudo bem e que era para ela voltar para casa. Depois, no dia 16, o bebê estava morto", disse. O menino, que seria o segundo filho de Kauane, receberia o nome de Davi Emanoel. Segundo o cunhado da jovem, ela estava na sala de espera do HU e não tinha sido atendida até as 18h20 de ontem.
Outro lado
A reportagem tentou contato na UBS e no HU, mas atendentes disseram que somente diretores e assessores de imprensa poderiam dar informações sobre o caso, e somente a partir de hoje. O secretário da Saúde de Londrina, Mohamad El Kadri, afirmou que não tinha informações sobre o episódio, mas que pretende analisar os laudos e ouvir as partes envolvidas antes de se posicionar.
El Kadri não quis opinar sobre a espera para a retirada do feto. A reportagem contatou um médico de Londrina, que não quis se identificar, e que informou que o procedimento não é incomum para casos em que não há contato do bebê com o meio externo.