Proporcionar aos pacientes mais anos de vida com melhor qualidade. Este é o principal objetivo das mais recentes pesquisas científicas apresentadas no maior congresso de doenças do sangue do mundo, que termina nesta terça-feira (8) em Orlando, nos Estados Unidos. É o Congresso da American Society of Hematology, conhecido como ASH, que reúne cerca de 25 mil participantes em sua 57º edição. Mais de uma centena de médicos brasileiros está presente.
Os cientistas apresentaram resultados de pesquisas que visam a substituição total ou parcial da quimioterapia por terapias-alvo, que atingem as células cancerosas preservando as demais, além de medicamentos orais que substituem os injetáveis com benefícios para os pacientes, entre outras inovações no tratamento de canceres.
Durante o congresso, o especialista Richard Stone apresentou uma pesquisa que teve a longa duração de dez anos e envolveu 750 pacientes idosos com Leucemia Mieloide Aguda de mais de dez países. Ele provou que o uso combinado de quimioterapia com uma nova droga-alvo, chamada Midostaurim, proporciona um aumento significativo de 40 para 50 por cento no número de sobreviventes em longo prazo.
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O médico Eduardo Rego, diretor da Associação Brasileira de Homeopatia e Homotoxicologia (ABHH), titular da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, disse que esse resultado poderá mudar a forma de tratamento de pacientes com esse tipo de Leucemia, que atinge a cada ano 10 mil pessoas só nos Estados Unidos.
Em relação ao Mieloma Múltiplo os cientistas vêm conseguindo transformar uma doença incurável em doença crônica, tratável. Outro diretor da ABHH, o especialista Ângelo Maiolino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avaliou os últimos resultados apresentados durante o ASH e concluiu que os pacientes que têm acesso às novas terapias conseguem ter uma vida normal como os pacientes com hipertensão ou diabetes. Três novos medicamentos aprovados pelo FDA já estão sendo utilizados com registros de "excelente melhora na qualidade de vida e de sobrevida".
Acesso aos medicamentos no Brasil
No País os pacientes enfrentam vários problemas para ter acesso aos tratamentos já aprovados há vários anos nos Estados Unidos, na Europa e em países latino americanos. "O principal problema é a demora da ANVISA para aprovar esses medicamentos, além das dificuldades impostas pelo governo para a participação dos pacientes brasileiros em estudos clínicos internacionais".
Carlos Chiattone, também diretor da ABHH e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, especialista em Linfomas, fez um balanço das principais apresentações do ASH concluindo que em um futuro próximo, entre cinco e dez anos, a quimioterapia convencional deverá ser substituída por um conjunto de drogas inteligentes. "São drogas mais efetivas com menor efeito colateral e de uso oral, portanto de fácil administração", destacou Chiattone. Com base nos resultados apresentados em Orlando ele prevê: "Uma grande revolução no tratamento oncológico".