Segundo levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dentro das mais de 4 mil substancias químicas em um cigarro, 250 delas são prejudiciais e 50 são conhecidas por causar câncer.
"A nicotina, presente no cigarro, atua no cérebro por meio de ligações com canais específicos e libera dopamina, que é um neurotransmissor estimulante. As substâncias psicotrópicas, como a nicotina, liberam a dopamina de maneira mais explosiva e mais prazerosa do que aquela ocorrida naturalmente – como através dos alimentos ou das relações sexuais", comenta Bianca Queiroz, psiquiatra da Cia. da Consulta.
De acordo com uma pesquisa publicada pela revista científica The Lancet, o Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking de número absoluto de fumantes. O hábito tende a ser mais frequente entre adultos de 45 a 64 anos, além de ser mais comum conforme diminui-se a escolaridade conforme apontado pela última pesquisa Vigitel Brasil 2016, do Ministério da Saúde (MS).
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"Dentre as principais doenças ocasionadas pelo tabagismo, podemos destacar câncer de pulmão, enfisema pulmonar, bronquite crônica, infarto do miocárdio, AVC e angina", ressalta Elie Fiss, pneumologista da Cia. da Consulta. Fumantes mesmo que passivos também podem ter problemas cardiovasculares e respiratórios e, em crianças, a situação se agrava aumentando consideravelmente as infeções respiratórias.
"Uma pessoa que decide parar de fumar antes dos 50 anos de idade reduz em 50% o risco de morte por doenças atreladas ao tabagismo após 16 anos de abstinência, quando comparada às pessoas que mantém hábito", explica Fiss. Ele ainda aponta que o risco de morte por câncer de pulmão sofre uma redução de 30% a 50% em ambos os sexos após 10 anos, enquanto o risco de doenças cardiovasculares cai pela metade após um ano.
Abaixo o pneumologista Elie Fiss lista os benefícios que podem ser percebidos ao parar de fumar de acordo com o período:
Após 20 minutos: a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal
Após 2 horas: não há mais nicotina circulando no seu sangue
Após 8 horas: o nível de oxigênio no sangue se normaliza
Após 12 a 24 horas: os pulmões já funcionam melhor
Após 2 dias: o olfato fica mais apurado, assim como a capacidade de sentir o gosto dos alimentos
Após 3 semanas: a respiração se tornará mais fácil e a circulação sanguínea irá melhorar
Após 1 ano: o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade
Após 5 a 10 anos: o risco de sofrer infarto será igual ao de pessoas que nunca fumaram
Uma das maiores dificuldades encontradas por quem interrompe o cigarro é a chamada crise de abstinência. "Ela geralmente se inicia no prazo de 24 horas após a interrupção ou redução do uso, chegando ao ápice após 2 a 3 dias. O período total de duração pode chegar a 2 ou 3 semanas", comenta a psiquiatra. Entre os sintomas que podem ser percebidos nesse período estão: desejo intenso por nicotina, irritabilidade, frustração, raiva, ansiedade, dificuldade de concentração, aumento do apetite, inquietação, insônia e redução da frequência cardíaca e da pressão arterial.
Segundo Bianca Queiroz, uma mudança comportamental é recomendada, além de considerar não fazer uso de bebidas alcoólicas ou café durante as primeiras semanas. "Sugiro aumentar atividades físicas e substituir inicialmente o cigarro por outra atividade, como beber um copo de água no momento da fissura. Medicamentos ou terapias de reposição de nicotina através de gomas ou adesivos, aumentam o sucesso das tentativas, assim como terapias psicossociais", recomenda a especialista.