Passados mais de cinco meses depois que o município encerrou seu convênio com o Hospital Ortopédico, que agravou os problemas crônicos da ortopedia em Londrina, faltam serem tomadas importantes providências para melhorar o quadro. A constatação pôde ser feita nesta sexta-feira (4) na Câmara de Vereadores, em reunião da Comissão de Seguridade Social da Casa com gestores municipais e estaduais de saúde.
O único avanço plausível é a retomada de cirurgias eletivas de média complexidade pelo Hospital da Zona Norte (HZN), anunciada pelo diretor da direção da unidade, Diego Janeski, para a próxima terça-feira, dia 8 de outubro. Essa retomada tornou-se possível depois que o HZN se estruturou (equipamentos, salas de cirurgia) para aproveitar o efetivo de oito ortopedistas e sete anestesistas que vinham atuando no atendimento de urgência e emergência. O hospital passará a realizar uma média de cinco cirurgias diárias. Calcula-se que o município tenha uma fila estimada em 2.400 pessoas esperando por esse tipo de cirurgias – fora as que vão se acumulando no dia a dia.
A vereadora Lenir de Assis (PT) lembrou na reunião que as medidas adotadas pelo HZN vieram depois que a Comissão de Seguridade Social – presidida por ela e integrada pelos vereadores Tio Douglas (PTB) e Vilson Bittencourt (PSL) - se encontrou com secretário estadual de Saúde, Micheli Caputo, no dia 12 de julho, em Curitiba. Na oportunidade, foram reivindicadas providências do Estado em relação ao atendimento de ortopedia em Londrina. "O compromisso do secretário foi o de transformar o hospital (HZN) em uma referência na ortopedias", disse Lenir.
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O Hospital da Zona Sul (HZS), segundo o diretor Weber Arruda Leite, também pode começar a realizar cirurgias ortopédicas até o final da semana que vem (13 de outubro). Arruda Leite disse que faltam equipamentos de anestesia, que foram adquiridos pelo Cismepar (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema) e estão para ser entregues em 10 dias. A equipe médica é a mesma do HZN, que também foi contratada pelo consórcio.
A diretora-executiva do Cismepar, Maria Célia Greghi, informou que se encerra no dia 17 de outubro o chamamento público para contratar horas de atendimento médico, com o objetivo de preencher o plantões de urgência e emergência do HZN, hoje reduzido a turnos de 24h em apenas três dias por semana. Segundo ela, a expectativa é voltar a ter plantões 24h durante todos os dias.
Município – A realização de mutirão de cirurgias ortopédicas, prometido para setembro, e o chamamento público para substituir os serviços do Hospital Ortopédico, esperado há meses, ainda não foram efetivados pelo município. Mesmo assim, o secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio, se disse otimista com relação a avanços no atendimento em ortopedia no município no curto prazo. Ele listou na reunião os fatores para o otimismo: os serviços que estão sendo retomados pelos hospitais estaduais (HZN e HZS); a normalização dos plantões da Santa Casa e do Evangélico; a implantação da 2ª Rede de Urgência e Emergência do Paraná em Londrina (programa do governo federal); e a atuação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Jardim Sabará.
Segundo o secretário, a proposta de mutirão já foi apresentada ao Ministério da Saúde (MS), faltando "apenas" um protocolo do órgão para dar início aos procedimentos cirúrgicos. Lenir de Assis declarou na reunião que se empenhará pessoalmente para obter o protocolo. "Se preciso iremos a Brasília para conseguir o protocolo e o traremos em mãos".
De acordo com critérios do MS, serão realizados 1292 cirurgias – resultado do total de cirurgias realizadas no último mutirão (2011) mais 20% desse total. O município terá um ano para atingir esse resultado. Caso consiga atingir antes do prazo, poderá contratar mais procedimentos. O mutirão está sendo viabilizado por um programa do governo federal que remunera os procedimentos com 80% de acréscimo ao valor normalmente previsto em tabelas do SUS.
Quanto ao chamamento público, o secretário disse que ainda está tramitando na administração municipal, mais especificamente na Procuradoria Geral do Município, cinco meses depois término do convênio com o Ortopédico. Sem se comprometer com prazos, afirmou que está pessoalmente se empenhando para lançá-lo o mais breve possível. A vereadora Lenir de Assis criticou a demora e disse que "a dor das pessoas que precisam de serviços de ortopedia não pode esperar mais. Vamos cobrar com rigor cada compromisso assumido aqui".
A reunião de hoje faz parte de um processo iniciado na Câmara de Vereadores, no dia 5 de junho, quando foi realizada uma audiência pública para fazer uma radiografia da saúde em Londrina. Foram levantados 18 pontos críticos, entre eles a crise da ortopedia, que vem sendo tratada Comissão de Seguridade desde então. A Comissão, junto com gestores públicos e privados da saúde, elaboraram um dossiê sobre a crise, que apontou a existência de uma fila de, aproximadamente, 2400 cirurgias e 18 mil consultas ortopédicas em Londrina.
O diretor administrativo do Hospital da Zona Norte,Joselito Hajjar, a chefe da 17ª Regional de Saúde, Terezinha de Fátima Sanches, e a diretora de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, Fátima Tomimatsu também participaram da reunião. O promotor Paulo Tavares, que acompanha os trabalhos da Comissão, não pode comparecer.