Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que cerca de 2,3 milhões de mortes ao ano, em todo o planeta, têm algum tipo de ligação com a atividade que o trabalhador exerce. No relatório "A Prevenção das Enfermidades Profissionais", cerca de 2 milhões de mortes são computadas ao desenvolvimento de enfermidades e 321 mil como resultado de acidentes – uma morte por acidente para cada seis por doença.
No ano passado, pesquisa realizada pelo Sesi Nacional com 500 médias e grandes empresas de todo o Brasil indicou que os investimentos em segurança e saúde no trabalho dão retorno aos negócios. As ações para aumentar a segurança no ambiente laboral e promover a saúde de trabalhadores foram apontadas por 48% das empresas ouvidas como responsáveis por reduzirem as faltas ao trabalho, enquanto para 43,6% esses programas aumentam a produtividade no chão de fábrica e 34,8% apontam que essas ações diminuem custos.
Conhecida como o estudo da relação entre o homem e o seu ambiente laboral, a ergonomia proporciona além da melhoria das condições do trabalho, a prevenção de doenças osteomusculares, ampliando o bem-estar nas organizações. "Hoje, além de problemas osteomusculares que assolaram as fábricas no século passado, temos os transtornos psicossociais. Acho que a ergonomia não mudou; ela está ‘olhando’ com muito mais cautela os problemas cognitivos desenvolvidos no trabalho, pelo homem", explica Samuel Domiciano, fisioterapeuta do Sesi no Paraná.
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O Sesi oferece serviço de consultoria em ergonomia com base na Análise Ergonômica do Trabalho (AET), metodologia de avaliação ergonômica baseada em cinco passos: análise da demanda; análise da tarefa; análise da atividade; diagnóstico; e orientações de intervenções ergonômicas. A AET atende a exigência da Norma Regulamentadora 17 da CLT.
De dentro da empresa, o programa de consultoria do Sesi coleta informações, aplica ferramentas ergonômicas e confronta com as exigências legais e orientações bibliográficas. A partir de então, gera o caderno chamado Análise Ergonômica do Trabalho. "A consultoria pode partir de uma análise ergonômica já entregue, em que o consultor do Sesi acompanha o processo de implantação de melhorias, orientando a melhor forma de atender cada sugestão de intervenção apontada pelo documento", revela Domiciano.
É possível contratar também a consultoria feita a partir de um problema específico. "Diante de uma situação, pode-se desenvolver diversas atividades envolvendo a ergonomia para a solução do caso. Por exemplo, uma empresa possui um foco de dores em ombro em um determinado setor e precisa solucionar a situação o mais rápido possível. Com um breve diagnóstico, sugere-se mudanças de layout, troca de mobiliários, palestras de orientações posturais e regulagem correta dos mobiliários, orientações em melhorias de processos ou softwares", exemplifica o fisioterapeuta.
Já a formação de comitês de ergonomia acontece a partir da ida de um profissional que treina uma equipe da empresa contratante e acompanha todas as atividades do grupo, conforme as necessidades identificadas. Todo o trabalho oferecido pelo Sesi em ergonomia é cobrado em horas técnicas, de acordo com a necessidade de cada empresa.
Bem-estar
As indústrias precisam estar atentas, fazer um levantamento dos atestados por doenças, além de criarem uma estratégia voltada à prevenção e ao planejamento de ações para garantir um ambiente saudável nas empresas. É o que sugere a coordenadora de Segurança e Saúde do Sesi no Paraná, Juliana Cipriani Presiazniuk. "Aos poucos, as empresas estão percebendo que o investimento no colaborador é mais barato e lucrativo do que pagar por afastamentos do trabalho decorrentes de acidentes ou doenças".
O Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição que as empresas pagam para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocupacional. "As empresas que registram maior número de acidentes também pagam mais impostos à Previdência. Hoje a iniciativa privada quita cerca de R$ 4,4 bilhões referentes ao auxílio-doença", destaca a coordenadora.
No levantamento realizado pelo Sesi Nacional entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016, 71,6% das indústrias afirmaram dar grande atenção à saúde e segurança dos trabalhadores. Além disso, na visão de 76,4% dos entrevistados, o grau de dedicação da indústria brasileira ao tema deve aumentar nos próximos cinco anos – para 13,2%, essa atenção deverá aumentar muito. A pesquisa mostra ainda que a alta importância dada ao tema está relacionada, sobretudo, à preocupação com o bem-estar do trabalhador, à maior conscientização das empresas e à prevenção de acidentes de trabalho.