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Estudo afirma

Mamíferos carregam 320 mil vírus desconhecidos

BBC Brasil
04 set 2013 às 14:27

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- Divulgação
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Os pesquisadores afirmam que identificar estes vírus pode ajudar a prevenir o surgimento de eventuais pandemias - contaminações em escala continental ou até mundial.

O estudo ainda estima o custo da análise e classificação de todos estes organismos em cerca de US$ 6 bilhões, o equivalente a R$ 14 bilhões.

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Esse valor, segundo os pesquisadores, seria apenas uma fração do custo do trato com contaminações pandêmicas.

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Estudo

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A pesquisa foi divulgada na publicação científica mBio, mantido pela Associação Americana de Microbiologia.


O diretor do Centro para Infecções e Imunidade da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Ian Lipkin, que participou da pesquisa, ressaltou o alcance que o estudo pode ter.

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"O que nós realmente estamos falando aqui é sobre a definição de um amplo espectro de diversidade de vírus entre mamíferos. Nosso objetivo é adquirir mais informações para entender os princípios básicos que determinam os riscos (desses vírus)", explica Lipkin.


'Raposa voadora'

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Quase 70% dos vírus que infectam humanos, como o do HIV, do Ebola e o da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) - este último descoberto recentemente - se originaram na vida selvagem.


Mas até hoje tem sido difícil avaliar a escala da possível ameaça de outros vírus existentes na natureza.

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Para investigar a questão, pesquisadores nos Estados Unidos e em Bangladesh se voltaram para uma espécie de morcego chamado de raposa-voadora.


Este animal é o portador de um vírus chamado Nipah, que pode ser fatal em humanos.

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Ao estudar 1.897 amostras sanguíneas dos morcegos, os cientistas foram capazes de levantar a quantidade de agentes patógenos - qualquer micro-organismo capaz de produzir uma doença - nestes animais.


Eles descobriram cerca de 60 tipos diferentes de vírus, a maioria destes desconhecidos até então.
Usando esse dado como base, a equipe fez uma projeção e chegou à cifra de 320 mil vírus ainda não detectados pela ciência.

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Para os cientistas, a identificação desses vírus pode ser um importante passo à frente dos perigos de possíveis contaminações em massa entre humanos.


Identificar todos estes novos vírus poderia ter um custo equivalente a R$ 14 bilhões (US$ 6 bilhões).


"Obviamente, nós não podemos estudar cada animal existente no planeta, mas podemos tentar mapear (o problema) o melhor que pudermos, utilizando o conceito de áreas de prevalência. Assim, nós investigaríamos áreas que conhecemos, baseados em experiências anteriores, em que haja alta possibilidade do surgimento de novos agentes infecciosos que poderiam representar um risco à saúde humana", explica Lipkin.


Ele disse que isso levaria 10 anos e que o empreendimento, apesar do custo de bilhões de dólares, ainda seria mais barato do que lidar com situações pandêmicas.


"Ainda que pareça um gasto extraordinário, o valor é mínimo se levarmos em conta o que se pode aprender para possibilitar uma ação rápida de reconhecimento (de riscos) e intervenção que pudesse se adiantar à uma pandemia. A ideia seria desenvolver um sistema de alerta antecipado".


Descobertas


Um projeto relacionado à pesquisa americana, chamado Predict (Previsão), descobriu até agora 240 novos vírus em regiões do mundo onde pessoas vivem em contato próximo com animais.


Comentando o estudo americano, o professor Jonathan Ball, da Unviersidade de Nottingham, na Inglaterra, disse que "os autores focaram em morcegos, porque eles foram a fonte de diversos vírus que se espalharam entre humanos".


"Mas nós devemos nos lembrar que os morcegos adotam um modo de vida que é particularmente facilitador para os vírus (se espalharem). Eles (os morcegos) vivem em grandes comunidades que se espalham por todo o mundo por voarem longas distâncias", afirma Ball.


"Ainda que outros mamíferos carreguem ou não um grupo similar de vírus, é importante fazermos a pergunta para a qual, sem dúvida, os pesquisadores se atentam: será que estudos de grande escala como estes realmente nos ajudaram a prever ou controlar melhor futuras contaminações por vírus?".

Ele ainda ressalta o tamanho do desafio: "o número de depositários de vírus é gigantesco - existem mais de mil espécies apenas de morcegos - e o rastreamento adequado desses e de outros animais impõe um grande desafio, para dizer o mínimo".


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