Depois da alteração do status da Covid-19 e da Mpox (varíola dos macacos), a poliomielite é, atualmente a única emergência em saúde pública de importância internacional mantida pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O comitê que declarou o fim da emergência para o novo coronavírus e a varíola dos macacos decidiu - por unanimidade - manter o mais alto status concedido pela entidade para a pólio - a paralisia infantil.
“O comitê unanimemente concordou que o risco de disseminação internacional do poliovírus permanece como emergência em saúde pública de importância internacional e orientou para a extensão das recomendações temporárias por mais três meses”, informou o relatório da OMS, que considerou, entre outros fatores, a transmissão em curso da pólio no leste do Afeganistão com propagação além da fronteira com o Paquistão.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
Casos recentes
Para chegar a esta conclusão, considerou-se ainda o grande grupo de crianças sem qualquer tipo de imunização no sul do Afeganistão; a importação do poliovírus selvagem do Paquistão para o Malawi e para Moçambique; e a cobertura vacinal menor que o ideal no sudeste da África, no Malawi, em Moçambique, na Zâmbia e no Zimbábue, fato que, para a OMS, significa que pode haver imunidade populacional insuficiente para interromper a transmissão da doença.
Os casos mais recentes de poliovírus selvagem foram identificados em abril de 2023 no Afeganistão e em fevereiro deste ano no Paquistão. Em 2022, foi confirmada em Moçambique e, no fim de 2021, no Malawi. A OMS segue atenta para casos de poliovírus derivados da vacina oral, que contém vírus vivo atenuado para remover a capacidade de produzir paralisia. Em crianças vacinadas com a gotinha, o vírus atenuado se reproduz e persiste no intestino por cerca de seis semanas até ser excretado. Esse vírus vacinal pode atingir outras crianças suscetíveis e fornecer proteção – fenômeno conhecido como imunidade de rebanho.
“No entanto, em locais onde a cobertura vacinal contra a poliomielite é baixa, esses vírus podem ser transmitidos em muitas ocasiões entre crianças não vacinadas ou parcialmente vacinadas. Em casos muito raros, essas transmissões múltiplas podem fazer com que os vírus sofram mutação ou alterem suas características genéticas, podendo recuperar sua capacidade de produzir paralisia. Isso permite o aparecimento de casos com paralisia derivada da vacina”, pontuou a OMS.
Os casos mais recentes de poliovírus derivados da vacina foram identificados em março passado em Madagascar e na República Democrática do Congo, e outro caso detectado em fevereiro em Moçambique. No ano passado, Malawi e Congo também confirmaram casos.
A OMS frisa que a retirada da dose oral contra a pólio do calendário de vacinação de alguns países colabora para a queda na imunidade intestinal de crianças pequenas e para o consequente aumento de infecções derivadas da vacina.
A doença
Dados da entidade apontam que a poliomielite afeta principalmente crianças com menos de 5 anos. Uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível, comumente das pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
Os casos diminuíram mais de 99% ao longo dos últimos anos - eram 350 mil casos estimados em 1988 e foram seis casos reportados em 2021.
“Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década", detalha a OMS.
O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. Porém, até que a doença seja erradicada em todo o planeta, há o risco de o país registrar casos importados e do vírus voltar a circular em território nacional.