Falsas notícias sobre furtos de materiais da dengue atrapalham o serviço dos agentes de endemias e ainda podem colocar em risco a saúde dos moradores que impedem a entrada dos servidores para vistoriar os quintais das residências. Pelas redes sociais e no aplicativo WhatsApp são compartilhados boatos de furtos de coletes, crachás e bolsas dos agentes e ainda a suspeita de que os materiais poderiam ser utilizados para a prática de crimes.
O compartilhamento das mensagens falsas cresceu nas últimas semanas e pode atrapalhar o trabalho de combate à dengue, justamente no momento em que as temperaturas começam a subir e aumentam as chances de proliferação dos criadouros do mosquito Aedes Aegypti.
Neste mês, prefeituras do interior de São Paulo e de Santa Catarina já se manifestaram publicamente para negar as informações divulgadas nas redes sociais e no aplicativo utilizados em smartphones.
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Em mutirão até o dia 2 de outubro para inspecionar 39 mil imóveis em Londrina, a Secretaria Municipal de Saúde também desmentiu os boatos e informou que nenhum furto de material foi registrado nos últimos anos. A coordenadora de Endemias, Rosely Rodrigues Bez, esclareceu que em caso de furtos, os agentes da saúde realizam o boletim de ocorrência e a secretaria divulga amplamente o crime na região para evitar problemas no atendimento. Questionada sobre a resistência dos moradores, ela respondeu que os problemas normalmente são resolvidos pelos supervisores das áreas visitadas. "As pessoas podem pedir a identificação dos agentes por meio do crachá e do RG ou entrar em contato pelo telefone para verificar se a equipe está trabalhando no bairro", aconselhou.
As ligações gratuitas pelo número 0800 400 1893 devem ser realizadas de telefones fixos ou orelhões. O número também pode ser utilizado para agendamento das visitas nos casos em que as residências permanecem fechadas na maior parte do tempo durante a semana. As casas sem moradores e o acúmulo excessivo de objetos nos quintais são os principais problemas enfrentados pelos agentes de endemias. "Neste período de forte calor, iniciamos as visitas para eliminação dos possíveis criadouros antes das chuvas para evitar novos casos", alertou Rosely. De janeiro até o dia 17 de setembro foram confirmados 2.668 casos de dengue em Londrina.
O pintor Claudecir de Souza abriu os portões da casa onde está trabalhando para a vistoria dos agentes de endemias no Jardim Interlagos, na zona leste de Londrina. "Eu mesmo já encontrei água parada em obras após um final de semana de chuva. Conheço algumas pessoas que já tiveram dengue e a gente precisa tomar muito cuidado. Por isso, tem que abrir as portas para os agentes que trabalham eliminarem o mosquito", afirmou.
ESTRATÉGIAS - A chefe do Centro Estadual de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte, explicou que os municípios devem adotar estratégias para diminuir a resistência dos moradores durante as visitas. "Em locais em que os agentes enfrentam dificuldades, eles podem trabalhar junto ao Programa Saúde da Família, que atende os bairros com mais frequência. A integração facilita a entrada dos servidores nas residências", comentou.
Ainda de acordo com ela, o problema das casas fechadas pode ser solucionado com visitas em horários alternativos na parte da noite ou durante os finais de semana. "O índice de pendência das residências não pode ficar acima dos 10%, o que é considerado uma situação de risco", informou.
Ivana lembrou que campanhas para que os paranaenses abram as portas para receber os agentes já foram realizadas no Estado. "Atualmente, estamos trabalhando com a campanha que aborda a responsabilidades de todos no combate à dengue. Hoje, mais de 50% dos criadouros são encontrados em resíduos sólidos e no lixo", acrescentou. De agosto de 2014 até o final do mês passado, o Paraná registrou 35.433 casos confirmados de dengue, sendo 1.731 importados, além de 24 óbitos em todo o Estado.