Com consultas a preços bem mais convidativos, as clínicas médicas populares ampliam sua atuação no Paraná e em todo o País, atrás de ex-usuários de planos de saúde e de quem não quer esperar na fila do Sistema Único de Saúde. A promessa é de atendimento clínico, realização de exames e procedimentos simples por valores que chegam à metade do que é cobrado nas clínicas particulares, sem a necessidade de pagamento de mensalidades e sem filas de espera.
O avanço ocorre num momento em que os planos de saúde exclusivamente de assistência médica registram perda de mais de 910 mil beneficiários no primeiro semestre do ano. No Paraná, as operadoras viram seu público reduzir em mais de 3,6 mil beneficiários.
Nas clínicas populares, o paciente paga por procedimento ou consulta, em valores mais baixos do que os praticados no mercado. Apesar de atender apenas procedimentos fora de urgência e emergência, os pacientes não entram nas longas filas do SUS ou nas listas de esperas dos associados dos planos de saúde. Talvez por isso, o modelo de negócio registra crescimento mensal de até 20% no número de pacientes.
Esse movimento atraiu, por exemplo, o Grupo Catuaí, tradicional no ramo imobiliário com foco em shoppings centers, a aportar R$ 25 milhões para a expansão da Rede Saúde na região Sul e em São Paulo. Somente no Paraná, pretende ampliar suas unidades das atuais seis para dez.
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Atualmente, a Rede tem duas unidades em Curitiba e duas em Londrina, mas pretende inaugurar até setembro o terceiro centro na capital e a primeira unidade em Maringá. Cascavel e Foz do Iguaçu também devem ser contempladas este ano.
A expectativa é de realizar 300 mil atendimentos em 2016 e de encerrar 2017 com 25 unidades, segundo Bruno Khouri, sócio do Grupo Catuaí. Ele diz que a expansão é plausível devido à demanda reprimida existente. "A ideia é dar todo o conforto, estrutura e atendimento humanizado a um preço acessível, em comparação à ineficiência do sistema público e buscando os que têm perdido acesso aos planos de saúde", diz.
O atrativo é que as consultas custam de R$ 79 até R$ 119. Assim como nos planos de saúde, os médicos recebem um percentual pelas consultas, mas não têm custos de manutenção e de pessoal em um consultório ou clínica própria.
Franquia
Fundada em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, em 2006, a rede Acesso Saúde já tem 12 unidades de atendimento – das quais nove por sistema de franquia – e pretende chegar a 30 ainda este ano. Sete já instaladas estão no Paraná.
A proposta surgiu de Antônio Carlos Brasil, que trabalhou por anos para uma cooperativa de planos de saúde. A rede oferece consultas médicas em 32 especialidades, além de mais de 1,2 mil exames. O preço da consulta varia a cada localidade – em Curitiba, o valor mais baixo é R$ 75, em Londrina, vai de R$ 79 a R$ 89.
"Como temos custo fixo e receita variável, conseguimos melhores preços, ao contrário dos planos de saúde, que têm receita fixa e custo variável", avalia.
O paciente ainda recebe uma carteirinha, pela qual seu prontuário pode ser acessado em qualquer unidade da rede. Para Brasil, o empreendimento pode ser visto como um sistema de saúde, nos moldes que o SUS ainda não consegue atender.