O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou na terça-feira, 15, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está prestes a decidir sobre o pedido de registro da vacina contra dengue produzida pela empresa Sanofi Pasteur. "Acho que ela poderá ser comercializada rapidamente", disse. A solicitação de registro do imunizante, que protege contra os quatro sorotipos do vírus, foi apresentada em março.
Castro afirmou que o maior problema da vacina é seu custo elevado. Cada dose custa cerca de 20 (R$ 88). Além disso, a vacina contra dengue da Pasteur tem dois fatores apontados como desvantagem: a necessidade de aplicação de três doses (algo que reduziria, por exemplo, o efeito no caso de uma epidemia) e uma eficácia considerada limitada: 66% dos voluntários desenvolveram anticorpos contra o vírus.
Uma das alternativas cogitadas para tentar reduzir os custos seria eleger um público-alvo para vacina. "O laboratório defende a faixa etária entre 10 e 14 anos, porque esse público se movimenta muito, é muito picado. Mas essa é a opinião dos fabricantes, não do ministério", disse Castro.
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Butantã
Dentro do ministério, no entanto, há resistências para liberação do uso do imunizante agora. Além da baixa eficiência, alguns integrantes da equipe avaliam que a incorporação do produto agora colocaria em risco o andamento da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã, em parceria com centros dos Estados Unidos.
O instituto recebeu na semana passada o sinal verde da Anvisa para o início da fase 3 das pesquisas. Mas com uma vacina registrada no País - a da Sanofis -, não seria ético submeter um grupo de controle das pesquisas ao uso de placebo - uma substância inócua. E é pensando nisso, afirmam alguns analistas, que a Pasteur aposta. Daí a pressão para maior agilidade da Anvisa para analisar o registro.
Mesmo que fosse aprovada, a vacina da Sanofi Pasteur não poderia ser usada pela totalidade da população. A farmacêutica já avisou que reservou ao País só 30 milhões de doses.
O ministro também observou que a dengue é só um dos problemas a enfrentar. No caso do zika, não há perspectivas a curto prazo para desenvolvimento de vacina contra o vírus, também transmitido pelo Aedes aegypti. "A Sanofi afirma que seriam necessários pelo menos 10 anos de pesquisa."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.