Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm, na
sigla em francês) e do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra, também
em francês) e colaboradores espanhóis estudaram ratos alimentados com uma
dieta pobre em ômega-3. Os cientistas descobriram que a redução dos níveis
desses ácidos graxos teve efeitos negativos sobre as funções sinápticas e os
comportamentos emocionais dos roedores. Os detalhes do trabalho estão
disponíveis na versão online da revista Nature Neuroscience.
Nos países industrializados, a alimentação tem sido empobrecida em ácidos
graxos essenciais, como ômega-3 e ômega-6, desde o início do século 20. Esses
ácidos são lipídios "essenciais" porque o organismo não consegue produzi-los.
Assim, devem ser fornecidos por meio dos alimentos, e seu equilíbrio é
fundamental para manter em ordem as funções cerebrais.
Olivier Manzoni, do Inserm, Sophie Laye, do Inra, e seus coautores levantam a
hipótese de que a desnutrição crônica durante o desenvolvimento intrauterino
pode, na vida adulta, influenciar a atividade sináptica envolvida no
comportamento emocional, desencadeando problemas como depressão e
ansiedade.
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Para comprovar essa teoria, os pesquisadores estudaram ratos alimentados ao
longo da vida com uma dieta desequilibrada em ômega-3 e ômega-6. Os
cientistas descobriram que a deficiência de ômega-3 perturbou a comunicação
neuronal específica, e os receptores de canabinoides, que desempenham um
papel estratégico na neurotransmissão, sofrem uma perda completa de função.
Essa disfunção neuronal foi acompanhada por comportamentos depressivos
entre os animais desnutridos. Pelo menos duas estruturas envolvidas na
sensação de recompensa (motivação e regulação emocional) foram
prejudicadas: o córtex pré-frontal e o núcleo accumbens. Essas partes do cérebro
contêm um grande número de receptores de canabinoides CB1R e importantes
conexões funcionais entre si.
Na conclusão, os autores dizem que seus resultados constituem os primeiros
componentes biológicos de uma explicação para a correlação entre dietas pobres
em ômega-3 e transtornos de humor como a depressão.
Ômega-3
O corpo humano não produz o ômega 3 e só obtém este ácido graxo através da
ingestão de alimentos que sejam ricos desta gordura. As melhores fontes são os
peixes. As espécies que possuem maior quantidade de ômega 3 são Atum,
Arenque, Bacalhau, Cavala, Sardinha e Salmão
Além dos peixes, também sõ ricos em ômega-3 a semente de linhaça,
castanhas, nozes, óleos vegetais (azeite, óleo de soja, canola), vegetais de
folhas verdes escuro.
Especialistas recomendam que o peixe seja consumido assado, cozido ou
grelhado e nunca frito. Isto porque a fritura destrói o ômega-3. É recomendado
ainda a ingestão de duas porções de peixe por semana complementado por
outros alimentos que possuem ômega-3.