Educar é dar ferramentas milagrosas a uma nação, é fazê-la conhecer a sua capacidade de determinar muitos dos rumos da sua vida, principalmente os rumos de sua saúde. Assim é também com o diabetes. Uma doença que assombra o mundo, com seu manto de incapacitação, de redução da expectativa de vida e de custos astronômicos para os governos e sociedade. No dia 14 de novembro, o mundo inteiro é chamado a participar de uma campanha de educação em prol da prevenção da doença. Todos os anos, desde 1991, celebramos, nesta data, o Dia Mundial do Diabetes, criado com o desafio de conscientizar pacientes e familiares, médicos e profissionais de saúde, governos e sociedade civil sobre a doença e a melhor forma de enfrentá-la.
Será que as pessoas tornam-se diabéticas inexoravelmente quando tem uma tendência para tal? Será possível evitar "essa tragédia"? Atualmente, as estatísticas revelam que já contamos com 250 milhões de diabéticos em todo o mundo e podemos chegar a 380 milhões nos próximos 15 anos, se nenhuma atitude eficiente for tomada. A estratégia é educar para prevenir. O melhor que podemos fazer é esclarecer, é disseminar conhecimentos básicos para que as pessoas possam evitar o aparecimento da doença, pois, hoje, já sabemos que 80% dos casos de diabetes poderiam ser evitados com a adoção de medidas dietéticas e a prática de atividade física.
Pior do que o desconhecimento sobre a doença são os mitos ou as falsas crenças sobre ela, que, muitas vezes, impedem a adesão ao tratamento cientificamente comprovado. É mais fácil e mais humano acreditar em tratamentos rápidos e promessas milagrosas do que assumir mudanças que envolvem esforços de toda a família em prol da saúde de seus membros. Além do esclarecimento e da educação em diabetes, é preciso motivação para que se possa vencer a inércia e a dificuldade de nos engajarmos em atitudes preventivas, assumindo de fato um estilo de vida saudável.
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Estatísticas alarmantes
• Estima-se que metade das pessoas com diabetes desconheça a própria condição. Em países em desenvolvimento, essa estimativa chega a 80%;
• Estudos mostram que exercícios físicos e dieta equilibrada previnem 80% dos casos de diabetes tipo 2;
• Pessoas com diabetes tipo 2 têm o dobro de chances de sofrer um ataque cardíaco;
• Até 2025, o maior aumento na incidência do diabetes está previsto para os países em desenvolvimento;
• Em 2007, os cinco países com os maiores números de pessoas com diabetes eram: Índia (40,9 milhões), China (39,8 milhões), Estados Unidos (19,2 milhões), Rússia (9,6 milhões) e Alemanha (7,4 milhões);
• Em 2007, os cinco países com a maiores prevalência de diabetes na população adulta eram Nauru (30,7%), Emirados Árabes Unidos (19,5%), Arábia Saudita (16,7%), Bahrein (15,2%) e Kuwait (14,4%);
• A cada ano, 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes;
• A cada ano, 3,8 milhões de mortes são atribuídas ao diabetes. Um número maior de mortes provenientes de doenças cardiovasculares pioradas por desordens lipídicas relacionadas ao diabetes e por hipertensão;
• A cada 10 segundos, uma pessoa morre de causas relacionadas ao diabetes;
• A cada 10 segundos, duas pessoas desenvolvem diabetes;
• O diabetes é a quarta maior causa mundial de morte por doença;
• O diabetes é a maior causa de falência renal em países desenvolvidos e é a maior responsável por grandes custos de diálise;
• O diabetes tipo 2 se tornou a causa mais freqüente de falência renal nos países ocidentais. As incidências registradas variam, entre 30% e 40%, em países como Alemanha e EUA;
• 10 a 20% das pessoas com diabetes morrem de falência renal;
• É estimado que mais de 2,5 pessoas no mundo estão afetadas pela retinopatia diabética;
• A retinopatia diabética é a maior causa de perda de visão de adultos em idade laboral (20 a 60 anos), em países com indústrias;
• Em média, pessoas com diabetes tipo 2 têm sua expectativa de vida diminuída em 5 a 10 anos, em relação a pessoas sem diabetes, principalmente por causa de doenças cardiovasculares;
• As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no diabetes, respondendo por 50% das fatalidades e por muitas inaptidões;
• Pessoas com diabetes tipo 2 estão cerca de duas vezes mais suscetíveis a um ataque cardíaco ou derrame, do que as que não tem diabetes. Na verdade, pessoas com diabetes tipo 2 são tão suscetíveis a um ataque cardíaco, quanto pessoas sem diabetes, que já tiveram um ataque.
Fonte: IDF (International Diabetes Federation)
Estratégias da prevenção do diabetes
A ocorrência de diabetes em pessoas sem antecedentes familiares nos dá uma visão da importância do estilo de vida como fator causal da doença. Nesse contexto, o sobrepeso e a obesidade são os grandes vilões desse processo e resultam de alimentação inadequada e sedentarismo. São várias as evidências científicas que comprovam que a mudança desses fatores de risco poderia evitar cerca de 80% dos casos de diabetes
Hoje, não temos dúvidas: podemos prevenir a ocorrência do diabetes nas pessoas que apresentam risco para desenvolver a doença. Sabemos que ter pai ou mãe diabéticos já não é mais uma certeza de que os filhos também serão doentes. A obesidade, apesar de ser o fator de risco mais importante, pode ser controlada e, dessa forma, mudamos o curso de uma história aparentemente "certa de diabetes".
Para as pessoas com risco de diabetes, o Dia Mundial do Diabetes é uma oportunidade para reflexão sobre o poder de transformação da educação. Para os governos, a data é um alerta para a necessidade de implantar estratégias eficientes e políticas de prevenção e de monitoramento do diabetes, visando resguardar a saúde dos cidadãos com diabetes e daqueles que tem risco de desenvolver a doença. Para os profissionais de saúde, o momento é uma chamada para melhorar o próprio nível de conhecimento, de modo que as recomendações baseadas em evidências científicas sejam colocadas em prática. Para o público em geral, 14 de novembro é uma oportunidade para entender o impacto do diabetes na saúde. É uma chance para aprender a evitar ou retardar o aparecimento do diabetes e suas complicações.
Seria possível reverter um processo de diabetes já instalado?
Essa é uma realidade que presenciamos muitas vezes. O desaparecimento dos sinais laboratoriais de diabetes - após a perda de peso e a implementação rotineira de atividade física - em casos, onde a doença foi diagnosticada precocemente. Entretanto, não podemos dizer que houve cura do processo, podemos dizer que ocorreu uma remissão da doença, que permanece indetectável por períodos prolongados.
A remissão do diabetes também pode ser vista no pós-cirurgia bariátrica, quando a perda de peso é acompanhada de melhora variável, nos parâmetros metabólicos, muitas vezes, com a normalização da glicemia. Nesses casos, a melhora vai depender da reserva insulínica do paciente em questão, pois não há bom prognóstico nos casos em que essa reserva está se esgotando.
Daí a importância da prevenção e da detecção precoce do diabetes, momento em que podemos interferir na evolução da doença, através de medidas muito pouco restritivas e que seriam recomendadas a qualquer pessoa que buscasse orientação médica por uma questão de saúde, independentemente de ter risco ou não de desenvolver o diabetes.
* Por Ellen Simone Paiva, mestre na área de Nutrição e Diabetes pela USP, endocrinologista e diretora do CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional.
Saiba mais sobre o Dia Mundial do Diabetes
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