Nos sete primeiros meses deste ano, o Brasil registrou 438.949 casos de dengue, o que representa aumento de 45,13% em relação ao mesmo período de 2006, quando 302.461 pessoas tiveram a doença. Os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, em números absolutos, concentram mais de 85% do aumento do número de casos registrados (136.488). Mato Grosso foi o estado com maior número de casos, com 72.183, ou 16,4% do total de notificações do país.
Um amplo estudo encomendado pelo Ministério da Saúde sobre campanhas publicitárias de dengue revela que, em 96% dos entrevistados a amostra nacional, o entrevistado recordava-se das campanhas, quando era estimulado.
"Neste ano, o Ministério da Saúde fará uma campanha descentralizada, com importantes parceiros, como o Banco do Brasil, Caixa e Aneel, que nos ajudará a levar informações em mensagens dos bancos e constas de consumo", afirmou Gerson Penna, secretário de Vigilância em Saúde.
As informações da pesquisa reforçam o desafio que é transformar o conhecimento confirmado da população em ações concretas de mudanças de prática, ressalta Gerson Penna. Apesar da intensa veiculação de peças na mídia em períodos específicos, ainda é baixa a adoção de medidas individuais para a eliminação dos criadouros potenciais do Aedes aegypti. Cerca de 80% desses criadouros estão localizados no ambiente domiciliar, como os pratos dos vasos de plantas, tonéis, tambores, caixas d'água, lajes descobertas, pneus, etc.
Doença - A dengue ocorre principalmente entre os meses de janeiro e maio, pelas condições climáticas favoráveis ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, nessa época do ano. Desde 1986, quando a doença foi introduzida no país, em todos os anos há registro de casos, com a ocorrência de picos epidêmicos durante esse período, relacionados com a chegada de um novo subtipo do vírus da dengue.
Para evitar surtos no próximo verão, o Ministério da Saúde, em parceria de estados e municípios, está promovendo ações de prevenção à doença nos meses de outubro e novembro, período que antecede o verão.
Uma dessas ações será o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) em 170 municípios mais suscetíveis ao surgimento de surtos da doença. O LIRAa identifica onde a presença do mosquito transmissor é maior. Com essas informações, as prefeituras podem adotar medidas capazes de reduzir esses focos antes do período mais crítico. Permite também a preparação adequada de cada município para que, no próximo verão, não ocorra uma epidemia.
A mobilização nacional contra a doença está agendada para o dia 24 de novembro, com o chamado Dia D de combate à dengue, quando todo país será chamado a trabalhar para eliminar focos do mosquito transmissor da doença.
Para contribuir para a redução do número de óbitos, além do material já disponibilizado para os profissionais de saúde, o Ministério da Saúde disponibilizará, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, um CD para todos os médicos do país, abordando os principais pontos para uma atenção adequada aos pacientes com dengue.
Outras informações da pesquisa
Vizinho - Um dado curioso apresentado na mostra nacional do levantamento é a de que 55% dos entrevistados acham que se o vizinho não tomar as precauções necessárias para evitar dengue, as medidas que ele mesmo adotar não adiantarão. Em Contagem, esse percentual sobe para 63%.
A pesquisa quantitativa sobre as campanhas publicitárias de dengue foi feita por telefone, no período de junho de 2006 a julho de 2007. O estudo considerou cotas de sexo, idade e escolaridade elaboradas a partir da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do ano de 2004.
Os dados são apresentados por duas amostras: uma nacional (2,1 mil entrevistas) e um recorte chamado de "área piloto", com 900 entrevistas colhidas nas cidades de Belo Horizonte, Contagem e Campo Grande.
Percepção - Quanto ao grau de percepção quanto à informação de como se pega dengue, na amostra nacional 82% responderam que se sentem informados ou muito informados sobre a dengue. Nas cidades da área piloto o percentual chegou à média de 91%. Os que se sentem pouco ou nada informados correspondem a 17% dos entrevistados. Na área piloto, o percentual médio foi de 9%. Contagem obteve o pior resultado, com 14%.
Entre os que se declararam melhor informados sobre a dengue são que os que tiveram parentes próximos com dengue - 94% da amostra piloto e 84% da nacional - e os com maior escolaridade. Mais de 62% dos entrevistados da amostra nacional reconhecem na febre o principal sintoma da doença, seguida das dores no corpo (61%) e do vômito (29%). De acordo com a pesquisa, para 78% das pessoas é necessário evitar água parada como forma de prevenção da doença. Em 64% das respostas a solução é esvaziar depósitos de água parada como garrafas, pneus e vasos. (Com informações da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde)