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Estudo constata

Falta padronização em bulas do fitoterápico ginseng

Agência Fiocruz de Notícias
09 out 2007 às 20:48

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Um dos mais populares fitoterápicos, os medicamentos à base de ginseng podem apresentar rótulos e bulas com informações imprecisas e incompletas sobre os efeitos adversos, as doses diárias recomendadas e as indicações de uso do produto. Foi o que descobriu um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, que avaliou amostras de fitoterápicos à base de ginseng, comparando-as as informações contidas nas bulas com dados da literatura científica sobre o produto.

O ginseng é reconhecido na chamada medicina popular como estimulador imunológico, protetor do coração e suas funções, aliviador de estresse e estimulador da libido, entre outras aplicações. A pesquisa, que acaba de ser publicada na edição de outubro dos Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, recolheu oito amostras de sete diferentes fabricantes de ginseng vendidos num mercado da cidade de São Paulo.

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No quesito reações adversas, as bulas avaliadas não apresentaram padronização quanto a possíveis efeitos colaterais do ginseng. Reações como insônia, hipertensão arterial, dor de cabeça, sangramento vaginal, nervosismo e palpitações, descritas na literatura médica, não estavam indicadas em todas as bulas. No caso da dor de cabeça, apenas uma das oito amostras continha advertência. E entre as oito amostras, somente uma bula trazia menção a outro possível efeito colateral, o sangramento vaginal.

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Segundo a equipe do Adolfo Lutz, nenhuma das bulas analisadas continha recomendação para que o usuário informasse ao médico o uso do ginseng caso algum medicamento lhe fosse prescrito simultaneamente ao fitoterápico. Também não foram encontrados alertas quanto à restrição de uso do ginseng por idosos, crianças e gestantes. Neste caso, como assinalaram os pesquisadores no artigo, a literatura médica relata a possibilidade de androgenização (masculinização) do recém-nascido de mãe usuária de ginseng. "As bulas para fitoterápicos devem apresentar informações que priorizem os alertas, visando à diminuição do risco associado à sua utilização", advertem os autores do estudo, Mariangela Auricchio, Mônica Arcon e Maria Aparecida Nicoletti.

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As doses indicadas também não apresentaram padronização. As quantidades diárias a serem administradas indicadas na embalagem dos produtos pesquisados eram diferentes, sem qualquer relação entre si quanto à dosagem. Um produto sugeria uma cápsula três vezes ao dia, outro uma ou duas cápsulas três vezes ao dia e um terceiro apenas uma cápsula diária. Os pesquisadores chegaram a notar uma variação nas bulas cerca de 13 vezes entre o maior e menor valor da dose a ser ingerida. Outro fator que chamou a atenção foi que as bulas reuniam grande quantidade de informações sobre a ação farmacológica dos produtos em animais, e não a partir de testes clínicos com humanos e com dados estatísticos significativos.


Houve, da mesma forma, pouca homegeneidade nas informações quanto às aplicações do ginseng. Entre as oito amostras, apenas um produto indicou ação hepatoprotetora, outro fez menção ao tratamento de desordens gastrointestinais e um terceiro ressaltou a atividade imunológica. Três ressaltaram efeitos contra a disfunção erétil. As bulas das oito amostras só concordaram num ponto entre as dez indicações descritas na literatura médica: os efeitos regeneradores do ginseng. "Observa-se a descrição de uma variedade de efeitos assinalados diferentemente em cada uma delas (bulas), mostrando que não há, por parte da autoridade reguladora, exigência de harmonização nas informações ao pacientes por meio de bulas", sustentam os autores do artigo.

Os pesquisadores do Adolfo Lutz sugerem que as bulas e rotulagens para medicamentos fitoterápicos sejam mais específicas e levem em conta as particularidades desses produtos, fornecendo o máximo de informações sobre indicações, reações adversas e interações medicamentosas decorrentes do seu consumo.


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