O governo da Nigéria moveu, nesta sexta-feira (20), uma ação na Alta Corte federal contra a gigante farmacêutica americana Pfizer, exigindo o pagamento de cerca de 6,45 bilhões de dólares por supostos testes ilegais de um antibiótico em crianças em 1996.
O advogado do governo, Babatunde Irukera, havia anunciado pela manhã a retirada de uma primeira ação contra a Pfizer, antes de apresentar um novo documento.
O governo nigeriano acusa a Pfizer de ter aproveitado uma grave epidemia de meningite meningocócica e de rubéola em 1996 no norte do país, que deixou milhares de mortos, para testar em crianças um antibiótico, a trovafloxacina, sem a autorização ou o consentimento de seus pais e sem o acordo das autoridades locais.
Segundo a Nigéria, 11 crianças das 200 que tomaram o medicamento morreram,e a maioria das demais sofrem de diversas afecções (surdez, paralisia, problemas na fala, lesões cerebrais, cegueira).
A Pfizer sempre negou qualquer desvio ético, e afirma ter atuado na época com total clareza. No dia 12 de julho, um diretor do grupo na Nigéria afirmou ter recebido o consentimento das autoridades nigerianas antes de iniciar os testes.
Na nova ação, um texto de cerca de 40 páginas da qual a AFP obteve uma cópia, a Nigéria pede à justiça, além de indenizações quase similares ao texto anterior, que estabeleça claramente que os testes com o medicamento efetuados em 1996 pela Pfizer no norte do país foram "ilegais e repreensíveis" e "não eram humanitários nem filantrópicos, com um objetivo puramente comercial".
A justiça nigeriana ainda não fixou data para o novo processo contra a Pfizer.
O laboratório também é processado pelo Estado de Kano (norte) que exige 2,75 bilhões de dólares pelo mesmo caso. O processo será aberto no dia 3 de outubro.
As informações são da AFP.