A Sociedade Internacional de Incontinência define incontinência urinária como a condição na qual a perda involuntária de urina é um problema social ou higiênico e é objetivamente constatada. Muitas vezes, a incontinência urinária é considerada, equivocadamente, como parte natural do envelhecimento. O urologista Ricardo Felts de La Roca prioriza a qualidade de vida e lembra que tratamentos existem. "Devemos assegurar que o idoso, além de viver muito, viva bem, com saúde e autonomia".
A incontinência urinária é um problema que provoca alterações capazes de comprometer o convívio social do idoso, pois traz junto com ela a depressão e o isolamento. "A incontinência urinária é um estado anormal de saúde, e que com o devido acompanhamento médico, na maioria das vezes, os casos podem ser resolvidos ou minorados", explica o médico.
O trato urinário apresenta alterações relacionadas ao envelhecimento, que ocorrem mesmo na ausência de doenças. "Com a passagem do tempo, a força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade de adiar a micção aparentemente diminuem, no homem e na mulher", afirma o especialista. Contrações involuntárias da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional também aumentam com a idade, em ambos os sexos. "Entretanto, a pressão máxima de fechamento uretral, o comprimento uretral e as células da musculatura estriada do esfíncter alteram-se predominantemente nas mulheres, que sofrem mais com a incontinência urinária", diz Ricardo de La Roca.
Estimativas da Sociedade Brasileira de Urologia apontam que cerca de 40% das mulheres desenvolvem a doença, após a menopausa.
Tratando o problema
"O tratamento da incontinência urinária depende da análise minuciosa do histórico de cada paciente e varia de acordo com a forma como a doença se manifesta", afirma o médico. Em alguns casos, o tratamento exige a instituição de medidas que visam uma mudança de comportamento por parte do idoso. Muitos indivíduos podem recuperar o controle vesical, modificando alguns comportamentos, como por exemplo: urinar em intervalos regulares, a cada 2 ou 3 horas, para manter a bexiga relativamente vazia; evitar bebidas irritantes para a bexiga, como por exemplo, as que contém cafeína; e urinar com o auxilio de compressão manual do abdome inferior e inspiração forçada.
Em casos mais delicados, onde a paciente idosa não responde bem aos tratamentos não-cirúrgicos, há a possibilidade da correção cirúrgica para fazer o levantamento da bexiga e do fortalecimento do fluxo urinário de saída.
"E por fim, nos casos em que é impossível controlar a incontinência urinária com tratamentos específicos, absorventes e roupas íntimas especialmente projetadas para incontinência urinária podem proteger a pele, permitindo que os indivíduos permaneçam secos, confortáveis e socialmente ativos", informa o urologista, que é membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia.