O número de acidentes de trânsito no Brasil aumenta, em média, 20% durante as festas de fim de ano, período de maior fluxo de veículos e quando há abusos no consumo de álcool. Outro dado preocupante é que o número de mortos no trânsito não para de crescer no país: subiu de 33.288 em 2002 para 36.611 em 2005. Metade dos envolvidos abusou no uso de álcool. Entre 2000 e 2006, o Ministério da Saúde registrou um aumento de 50,36% nos gastos com internação de pessoas envolvidas em acidente. Diante desse quadro, o Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (20) uma campanha educativa para lembrar que bebida e direção não combinam.
A divulgação vai até 15 de janeiro, na televisão, rádio, jornais e revistas, internet e cinema. É mais uma ação da Política Nacional sobre Bebidas Alcoólicas, lançada em maio desse ano. A campanha tem dois slogans: "Não esqueça que você faz falta para a sua família. Se beber, não dirija" e "Não esqueça que você faz falta para seus amigos. Não exagere na bebida". A campanha está sendo realizada em parceria com o Ministério das Cidades.
A intenção da campanha é prevenir e promover saúde. Segundo estimativas da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), os acidentes produzem um custo anual para o país da ordem de R$ 28 bilhões. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), por sua vez, calcula em R$ 5,3 bilhões o custo específico para a assistência às vítimas.
"Cada vez mais as políticas de prevenção cumprem um papel muito importante. A campanha que lançamos é um bom exemplo disso. Há uma epidemia de violência urbana, em que o consumo abusivo de álcool contribui decisivamente para desastres no trânsito, acidentes de trabalho, homicídios e na situações de violência interpessoais. É realmente um grave problema de saúde pública", afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
De acordo com o II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil de 2005, realizado pelo CEBRID/UNIFESP, a dependência do álcool têm aumentado. Em 2001, 11,2% das pessoas com idade entre 12 e 65 anos eram dependentes. Já em 2005, esse índice aumentou para 12,3%. Os dados também indicam o consumo de álcool em faixas etárias cada vez mais precoces.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia de 2007, revelou que 64% dos jovens universitários de 18 a 30 anos do Rio e São Paulo declararam já ter dirigido depois de beber, sendo que 31% disseram já ter feito isto "muitas vezes" (26% "sempre dirige depois de beber").