Única instituição pública desse tipo no Brasil, o Banco de Ossos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, tem como principal problema a dificuldade de encontrar doadores. Apesar de capacitado para fazer duas captações diárias de tecido músculo-esquelético, o necessário para beneficiar cerca de 60 pacientes, o banco do Into não consegue diminuir a fila de pessoas que esperam pelo transplante - atualmente, são 1.400.
A média de espera é de dois anos. A instituição é subutilizada, enquanto os que necessitam de transplante ósseo padecem "com muito dor", afirma o diretor do Banco de Ossos do Into, Marco Bernardo Cury.
Segundo o médico, se houvesse mais doações, o banco poderia suprir a demanda de tecido ósseo de todos os hospitais públicos que realizam transplantes no Rio - o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Hospital Copa D'Or e a Associação São Vicente de Paula. "E eventualmente repassar também para a rede privada."
"Não conseguimos abastecer não somente os hospitais públicos que também fazem transplantes, mas também o material é insuficiente para os procedimentos que são executados no Into", ressalta. O banco de ossos recebeu, em 2005, duas doações; em 2006, seis; mas, neste ano, nenhuma.
De acordo com o especialista, existem duas razões para a escassez de doações: o desconhecimento da importância da doação para os transplantes e o fato de os profissionais de saúde não notificarem a morte de um possível doador. Ainda não foi pesquisado, entretanto, porque o número é tão pequeno.
O médico explica que tecido ósseo pode ser somente doado. "A captação ativa, contudo, requer uma estrutura de pessoas que a rede pública não tem, e é muito complicado aumentar o número de pessoas para essa busca de doadores", afirma.
Por esse motivo, os cinco outros banco de ossos do país, privados, localizados nos hospitais das Clínicas do Paraná e de São Paulo; no Hospital Universitário de Marília (SP), na Associação Hospitalar São Vicente de Paulo de Passo Fundo (RS) e na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, fazem bem mais captações. No último ano, essas instituições conseguiram em torno de 100 doadores, o que possibilita cerca de 3 mil transplantes.
Apenas o Into oferece todo o material gratuitamente, não cobrando pela captação, armazenamento, processamento e transporte. "Os bancos de ossos privados funcionam de forma similar aos de sangue privados. Você não paga pelo osso, mas pelos procedimentos necessários", acrescenta Marco Cury.