Sexualidade

Terceira idade também pode ter sexualidade ativa

24 fev 2011 às 15:41

O avanço da Medicina, a difusão de conhecimentos ligados ao prolongamento da vida, da higiene e saúde tem proporcionado o aumento significativo da expectativa de vida no Brasil e no mundo. O uso de medicamentos relacionados à reposição hormonal, os comprimidos como o Viagra alteraram o perfil do indivíduo com mais 60 anos, proporcionando novas perspectivas acerca da sexualidade.

Segundo pesquisas feitas pelo IBGE (2000), nos próximos 20 anos a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final deste período. Em 2000, segundo o Censo, o peso relativo da população idosa no início da década representava 7,3%, enquanto, em 2000, essa proporção atingia 8,6%. Um exemplo é o grupo das pessoas de 75 anos ou mais de idade que teve o maior crescimento relativo (49,3%) nos últimos dez anos, em relação ao total da população idosa.


Embora haja este grande crescimento da população, muitos mitos ainda permanecem sobre a terceira idade. A sociedade acredita que, por volta dos 50 anos, a perda da função sexual é inevitável pela menopausa feminina e as possíveis dificuldades da ereção masculina. Tal situação ainda se agrava pelo culto da beleza jovem, pelos modelos da mídia e pela figuras angelicais que lembram os avós, induzindo que os idosos são figuras assexuadas, ou sejam, que não desejam a intimidade sexual.


Apesar dos mitos, existe a real perda fisiológica, ocorrendo doenças como problemas no coração, câncer, diabetes, diminuição da agilidade e jovialidade do corpo, situações de viuvez, aposentadoria que gera depressão, tristeza e baixa estima.


No entanto, a concepção de terceira idade e sua sexualidade está num processo de mudança, se transformando numa bela idade. Embora exista a realidade das perdas, hoje se percebe a potencialidade deste momento da vida, no qual o adulto avançado pode desenvolver-se através de atividades como viagem, aulas de dança, grupos de convivência, de igreja ou prestando serviços voluntários.


Estes movimentos podem estimular a busca de recursos próprios junto com a rede de apoio para transformar as perdas em ganhos, proporcionando o valor desta etapa.


Com a inserção do idoso nestes ambientes sociais, pode-se diminuir a crença de que o mesmo não carece de relações afetivas, namoros e amizades, e, sim, perceber que a sexualidade pode permanecer presente na vida desta pessoa. Vale lembrar que sexo é mais que o ato em si. É o carinho, o afeto, o beijo, o abraço, o andar de mãos dadas, é cultivar ações que geram disposição para a intimidade e prática sexual.


A sexualidade é uma parte importante da existência humana, em qualquer etapa da vida. Neste sentido, na terceira idade, se faz necessário romper preconceitos e ideologias e compreender que a sexualidade existe para todos, pois para o afeto, amor e desejo não existe idade. Importante é percebê-la de formas diferentes e reescrever o sexo a cada dia com novas palavras.

Leda Meda Caetano, psicóloga de casal e família, e Taritha Meda Caetano Gomes, advogada (Londrina)


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