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A dor de enterrar um filho

17 mai 2016 às 09:00
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Uma das coisas que mais me entristecem é a morte de um jovem em circunstâncias trágicas e inesperadas. Algo que me comove particularmente, nesses casos, é a dor do pai e de mãe, uma dor tão intensa que para ela não existe nome. Ao enterrar um filho, os pais são mais do que órfãos; nosso dever acolhê-los e abraçá-los para sempre.

Nesta segunda-feira, dia nublado e chuvoso, recebi a notícia da morte trágica de um jovem numa pequena cidade do Norte Pioneiro. No mesmo instante, minhas preces e pensamentos se voltaram para seus familiares. Tenho absoluta convicção de que Deus terá misericórdia do pobre rapaz e o receberá na vida eterna, da mesma forma que o Pai recebe o Filho Pródigo na parábola contada por Jesus.

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Dias atrás, ouvindo o movimento lento da 3ª Sinfonia de Beethoven, conhecida como "Eroica", pressenti que em algum momento próximo eu me lembraria daquelas notas tão tristes e tão belas. A ocasião se confirmou ontem. E também ontem o Evangelho da Missa trouxe uma passagem que me comove particularmente: o capítulo em que São Marcos descreve o exorcismo do jovem possuído pelo demônio mudo.

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Esse demônio sempre atormentou a humanidade e existe até hoje. É o espírito maligno nos impede de manifestar nossos sofrimentos e angústias, e também nos faz calar diante da injustiça e do mal. Um querido amigo, o professor Carlos Nadalim, ensinou-me que existe uma diferença essencial entre o mutismo e o silêncio. O silêncio é a casa do pensamento e da meditação; o mutismo é a prisão das palavras e da verdade. O silêncio induz à atenção; o mutismo bloqueia o entendimento.

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Ao implorar que Jesus expulse o demônio mudo, o pai do moço diz uma frase surpreendente:


— Creio, Senhor! Ajudai minha incredulidade. (Mc 9,24)

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O escritor romeno Nicolae Steinhardt (1912-1989) fez questão de usar essas palavras como epígrafe do "Diário da Felicidade", suas memórias de prisioneiro do regime comunista. Para Steinhardt, a confissão de incredulidade daquele pobre homem é uma frase que faz gritar o divino, "o mistério dos mistérios do aprendizado cristão, e de algum modo o sinete da graça do Espírito Santo".


São Marcos conta que o demônio mudo fugiu dando grandes gritos, e o jovem ficou caído no chão. Alguns acharam que o rapaz estava morto, mas Jesus o reergueu, para incredulidade de todos.

Apesar de tudo, continuo sendo um homem de bem pouca fé. Mas, de graça, Deus compensa a minha incredulidade com provas constantes de amor e bondade. Vencer o demônio mudo que existe dentro de nós é uma tarefa difícil, mas libertadora. Beethoven libertou-se compondo uma obra imortal, mesmo sem poder escutá-la. Nicolae Steinhardt libertou-se escrevendo um monumento literário de fé e esperança, mesmo tendo enfrentado as piores provações. Todos os dias nós podemos vencer o mutismo paralisante, com trabalho e amor ao próximo. Senhor, ajudai nossa incredulidade!


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