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A república do presidente e o presidente da República

11 mai 2016 às 07:53
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Repúblicas estudantis fazem parte da história. Aqui em Londrina tivemos a famosa Casa Sete, que não abrigava estudantes, mas jovens funcionários da Companhia de Terras, entre eles George Craig Smith, Eugênio Larionoff e Luiz Estrella. Nos anos 30 e 40, esses moços pioneiros eram conhecidos pelas festas que promoviam, sempre com uísque escocês e animação de sanfoneiros. Desde que cheguei a Londrina, há 27 anos, conheci várias repúblicas lendárias, onde os principais assuntos eram política, festa e moças. No coração, serei sempre um morador da República da Humaitá, número 143. A casa da pracinha, onde vivi entre os anos de 1989 e 1993, já foi demolida, mas continua viva e inteira na memória.


Lembrei-me do tema das repúblicas porque meu pai morou naquela que talvez seja a mais famosa do Brasil: a Casa do Estudante. O antigo edifício localizado na Avenida São João, em São Paulo, abrigou várias gerações de estudantes da Faculdade de Direito da USP, também chamada Academia do Largo São Francisco. Paulo Lourenço, um jovem interiorano da cidade de Mirandópolis, morou na Casa de Estudante de 1961 até concluir o curso e se casar com minha mãe. Um de seus colegas de moradia, também vindo do interior do Estado, chamava-se Michel Temer. Chegaram a dividir o mesmo quarto.

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Até hoje, a Faculdade do Largo São Francisco formou 11 presidentes da República. Tudo indica que nesta semana o 12° acadêmico será empossado no mais alto cargo do país. Relendo as crônicas mem0rialísticas de meu pai, vejo que o estudante Michel Temer habitava o mítico 9° andar da Casa do Estudante, onde se reunia a elite dos veteranos da faculdade. Se a Casa do Estudante fosse um livro, o 9° andar seria um dos capítulos mais importantes.

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Pelos escritos de Paulo, fico sabendo que Michel Temer presidiu a chapa do Centro Acadêmico XI de Agosto no início dos anos 60, tendo vencido a chapa "de direita" e a candidatura alternativa do Partido do Kaos, criado pelo compositor e escritor Jorge Mautner. Certamente, o jovem Michel deve ter conhecido o legendário e queridíssimo Chico Torres, estudante eterno da Faculdade de Direito, que morava no primeiro andar da Casa, ao lado do salão de jogos, só saindo da república ao morrer, em 1970. Dizia a lenda que Chico Torres, considerado um santo beberrão pelos colegas, havia sido contemporâneo de faculdade de Jânio Quadros, então presidente da República.


Os dois melhores amigos de meu pai, Arno Preis e João Leonardo, aderiram à luta armada e acabaram sendo mortos durante a ditadura. Michel Temer tornou-se um importante constitucionalista e optou pelas armas da política, não pela política das armas. Se meu pai tivesse seguido o caminho de Arno e João — os quais Michel Temer certamente conheceu —, eu provavelmente não existiria e não estaria escrevendo estas linhas.

Lá no Céu, Chico Torres poderá agora dizer que foi colega de dois presidentes da República.


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